Eu
simplesmente não conseguia escrever. Alguns acreditam que seja um bloqueio
criativo, mas eu sabia que era mais. Acreditei que não conseguiria mais
escrever e expor o que eu sentia em um mero texto. Rústico, sem lapidação e
brotado do medo. É assim que volto a escrever.
Em
algum momento acreditei que não conseguiria mais escrever e compartilhar
para e com as pessoas, mas como? Como não escrever se é o que sou? Sou feita de
metades, metade escrita e a outra partida. O medo de desistir impulsionou o que
tenho mais de belo: estas palavras e pensamentos. É bom sentir que algo está escapando
de você porque é neste momento em que lutamos de verdade. Reivindicamos o que é
nosso, nos agarramos ao fio da esperança para que nada escape. Eu não deixaria isto acontecer. Não mais.
É
claro que eu precisava acreditar em mim e no que queria. Ninguém poderia fazer isto por mim e ouvir “você
consegue” sem realmente acreditar. Algo
que não se deve fazer ou sentir. Impedida de estacionar no meu bloqueio
criativo, ouço claramente a minha intuição e sigo-a. Como? Eu sabia que precisaria
primeiro chorar tudo o que tinha para chorar. Lavei a alma ou foi a alma que me
lavou? Eu comecei a repetir para mim mesma que era normal ficar sem escrever.
Alguns artistas passam anos sem produzir algo novo por acreditarem no “bloqueio
criativo”, então eu fiaria bem. “São só algumas semanas, Calincka.”
A
todo o momento acreditei que precisava sentir inspirada, mas eu não procuro a inspiração,
apenas permito que ela me encontre em qualquer tempo e de qualquer forma. Ela
sempre me alcança, creio. Desta vez ela
me alcançou depois de semanas porque eu não consigo me obrigar a dizer algo. Eu
cultuo silêncios também.
A
minha mente estava preocupada em que caminho seguir depois de TUDO. E o TUDO
são semanas de angústias por desenterrar antigos segredos e medos. Por fim,
estou de volta porque a minha mente e alma não são prisioneiras, não são feitas
de neblina para não serem vistas claramente. Libertam-se para que a evolução
possa me alcançar.