Escrevo ouvindo What’s Up da banda 4 Non Blondes e me emociono
com a letra, mas não deixo as lágrimas de gratidão caírem no meu café. O aroma
preenche o meu quarto e fecho os olhos para inspirar esse momento. O momento em que me despeço dos meus 24 anos.
Eu sei, quem faria um
texto para despedir-se de uma idade? Eu. Eu faria. Estou fazendo. Aos quatorze
anos, acreditei que jamais chegaria aos dezoito anos. Achei que possuía a responsabilidade de
preencher o vazio que a minha irmã deixou. Acreditei cegamente que era
possível. Meu Deus, como eu estava enganada! Aos dezoito anos acreditava que
não chegaria aos vinte anos. Sentia o mundo contra mim, sentia que não era
aceita (por que as pessoas riam de mim no ensino médio? O que fiz para elas?),
sentia que a minha existência era insignificante e realmente esquecia o quanto
eu era importante e amada por meus pais e amigos. Aos dezoito anos eu
continuava em busca do significado da vida. Uma busca perdida e desgastante.
Uma busca inexistente. Uma busca
interrompida por não encontrar.
Aos vinte anos, achei
que jamais passaria dos vinte e quatro anos. E foi no dois ponto zero que o meu universo mudou. Aos vinte eu experimentei
o amor, experimentei orgasmos múltiplos, experimentei ser amada, elogiada,
prender atenções ao contar histórias ou fazer comentários engraçados. Foi aos
vinte que coloquei o meu coração em uma mala para entregá-lo em outro
Estado. Com vinte anos eu sentia que
tinha o mundo em minhas mãos. E de certo modo, eu tinha. Eu me tinha, eu me
permita. Vi amigos me traindo, vi alguns partindo, me vi como pilar mais
resistente diante da vida e seus testes. E então, com um piscar de olhos, tudo
mudou. TUDO. T – U – D – O . EU ME PERDI. ME ANULEI. E ANULEI OUTRAS PESSOAS DA
MINHA VIDA. Com vinte e três anos perdi noites em claro ao tentar idealizar
como seria se meus pais saíssem do piloto automático. Tentei imaginar a volta
das pessoas que saíram da minha vida, tentei imaginar como seria se, aos vinte
e três anos, o meu coração não estivesse quebrado. Não havia cola para esse tipo
de restauração. Eu andava com um coração danificado e ninguém percebia. Eu
deveria ter colocado com cuspe (acabei de pensar nesta possibilidade, mas já é
tarde). Talvez desse certo. Pelo menos os envelopes de cartas ficam bem
lacrados...
E com vinte e quatro
anos chorei muitas vezes, fiz preces para que tudo ficasse bem, para prosseguir
na “grande colina da esperança”. Foram tantas preces. “Hey, Deus o que está
acontecendo?” E as respostas eram com o cri cri cri de grilos. Mais uma vez,
pensei que não passaria dos vinte e quatro
anos. E então algo acontece, não com abóboras que viram carruagens ou roupas da
Marisa que são transformadas em belos vestidos de época. O que ganhei se resume
em uma frase: o poder de suportar e deixar-se ser acalentada por amigos. Prestes a completar vinte e cinco anos percebo o quanto sou grata por ter cicatrizes.
Sou grata por tudo que conquistei, os amigos que cultivei e as gostosas
gargalhadas que me presentearam. Não importa se completarei vinte cinco anos,
não é o fim do mundo. É o rito de uma garota que transpira gratidão, é a
despedida de um período mais complicado que equações. É o rito de passagem para
o desconhecido.
Obrigada! A todos! A
todos que torcem por mim e apoiam. Obrigada aos meus pais (momento de
agradecimento no Programa do Faustão) que são tudo para mim. Obrigada a Camilla
que me guia mesmo estando em outro plano. Obrigada aos leitores deste blog (sem
as mensagens de vocês eu não conseguiria). Obrigada à Ciranda de Viados™, obrigada a Deus por ter criado Adam
Levine e Adele, obrigada a quem inventou a cajuína, obrigada pelo Vendo Você
Beijar Outras Bocas™ e a quem duvidou da minha capacidade. De coração,
obrigada. É dançando em cacos de vidro que farei plié.
Cara, tu é demais.. De fato, obrigado Deus por criar a Adele. Amém.
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