Ele é um mistério para mim e ainda não decidi se devo
dar dois passos à frente, me antecipando na descoberta do que quero saber ou
ver. Foi platônico? Eu não sei dizer o momento exato em que o olhei e nos vi
suando.
Não
é amor, não é romantismo. Pela primeira vez, escrevo claramente que é desejo. É
mais forte que a postura de boa moça que a sociedade espera de uma mulher do
século XXI. Como ele ficaria sem a camisa surrada? Qual seria seu olhar ao
perceber que estaria jogando a minha coxa esquerda
em seu quadril para aproximá-lo mais? Ele fala sorrindo. Será que beija
sorrindo também? Será que forçaria meus pulsos ao segurar com apenas uma mão?
Consigo imaginar a tatuagem no meu pulso esquerdo sendo esmagada por suas mãos.
O sorriso petulante estaria ali, tenho certeza.
Os movimentos
seriam sentidos, sincronizados, alternados e... O sorriso, aquele petulante,
estaria ali. A sua voz sairia rouca ao me perguntar algo, eu iria me explicar
ou começar a falar demais. Talvez ouviria um “me beije” ou teria os lábios -
marcados de mordidas - esmagados por seus lábios.
É
engraçado perceber que não preciso saber da vida dele, rotina ou com quem se
envolve para encará-lo. E apesar de perceber que ele não é notado, isso me basta. Eu só queria ver as suas costas suadas, o sorriso no
canto da boca, a respiração acelerada e como agiria quando eu levantasse da
cama sem lhe dizer nada para ir embora.
E
eu queria ver aquele olhar divertido, de quem está diante de alguém que impôs
barreiras oportunas para deixar claro 'sem explicações, garoto. A gente se ver
por aí'. Eu quero ver aquele olhar pensativo tentando adivinhar os pensamentos
de uma garota pegando fogo.