16 abril 2015

A sociologia da minha paciência

Não nasci para gostar de Karl Marx e sei que seu legado é importante para o funcionamento e entendimento da sociedade. Max Weber também me faz olhar atravessado quando é citado. Há um nome, apenas um, que me faz prestar atenção na aula de sociologia. Ele se chama Émile Durkheim.

Durkheim, talvez, não te interesse. Não é bonito, é careca e compensava os cabelos que não tinha na cabeça deixando a barba crescer. Falava difícil, academicamente, tinha dois filhos e vivia para a sociologia e psicologia. Ah, ele morreu. Com certeza, ele não faz o seu tipo. Nem o meu, mas as suas teorias e “métodos sociológicos” me fizeram entender – eu acho que entendi, só acho – o funcionamento de um aplicativo chamado Tinder. Sim, eu fiz um trabalho sobre o Tinder. Estou dando gostosas gargalhadas ao pensar no professor lendo um trabalho sobre o TINDER. Eu posso ter sido um pouco dura, mas prefiro chamar de neutralidade. Vamos supor.

O problema não é o aplicativo, e sim as pessoas. O que elas esperam, as expectativas, o que realmente querem e pretendem. Correspondendo algumas atitudes ou desencantando. Bem, não é o meu caso porque estou desencantada desde o dia em que me acordaram do coma, mas essa história já foi mencionada. O trabalho não ganhará destaque local (ou um dez), mas me fez ver como estava agindo diante de algo superficial e raso. E eu parecia a Disney. Como se tudo tivesse um pouco de mágica, castelos e príncipes que não perguntam “pode me mandar nudes?”. Com tanto estudo e dedicação, Émile Durkheim poderia ter se aprofundado sobre essa inquietação que tenho, a paciência que não possuirei e o sono de vinte oito médicos de plantão que me encurrala. E para completar, vem Max Weber com economia. Lembrando dinheiro e o dinheiro que não tenho. Que morte horrível (sociologicamente falando).

Admiro o esforço do professor para explicar e o meu para não dormir. É como se eu recebesse o “boa-noite, Cinderela” em forma de teorias e desconstrução de teorias. E no final, a única coisa que é roubada de mim é o raciocínio. E o que eu e a Sociologia temos em comum: queremos compreender algo, mas sempre aparece alguém querendo explicar melhor, com argumentos interessantes e apontando o dedo ao dizer “não é assim, vou provar”.


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