Não
nasci para gostar de Karl Marx e sei que seu legado é importante para o
funcionamento e entendimento da sociedade. Max Weber também me faz olhar
atravessado quando é citado. Há um nome, apenas um, que me faz prestar atenção
na aula de sociologia. Ele se chama Émile
Durkheim.
Durkheim, talvez, não te interesse. Não é
bonito, é careca e compensava os cabelos que não tinha na cabeça deixando a
barba crescer. Falava difícil, academicamente, tinha dois filhos e vivia para a
sociologia e psicologia. Ah, ele morreu. Com certeza, ele não faz o seu tipo.
Nem o meu, mas as suas teorias e “métodos sociológicos” me fizeram entender –
eu acho que entendi, só acho – o funcionamento de um aplicativo chamado Tinder. Sim, eu fiz um trabalho sobre o Tinder. Estou dando gostosas gargalhadas
ao pensar no professor lendo um trabalho sobre o TINDER. Eu posso ter sido um
pouco dura, mas prefiro chamar de neutralidade. Vamos supor.
O problema não é o aplicativo, e sim as
pessoas. O que elas esperam, as expectativas, o que realmente querem e
pretendem. Correspondendo algumas atitudes ou desencantando. Bem, não é o meu
caso porque estou desencantada desde o dia em que me acordaram do coma, mas
essa história já foi mencionada. O trabalho não ganhará destaque local (ou um
dez), mas me fez ver como estava agindo diante de algo superficial e raso. E eu
parecia a Disney. Como se tudo tivesse um pouco de mágica, castelos e príncipes
que não perguntam “pode me mandar nudes?”. Com tanto estudo e dedicação, Émile
Durkheim poderia ter se aprofundado sobre essa inquietação que tenho, a
paciência que não possuirei e o sono de vinte oito médicos de plantão que me
encurrala. E para completar, vem Max Weber com economia. Lembrando dinheiro e o
dinheiro que não tenho. Que morte horrível (sociologicamente falando).
Admiro o esforço do professor para explicar e o
meu para não dormir. É como se eu recebesse o “boa-noite, Cinderela” em forma
de teorias e desconstrução de teorias. E no final, a única coisa que é roubada
de mim é o raciocínio. E o que eu e a Sociologia temos em comum: queremos
compreender algo, mas sempre aparece alguém querendo explicar melhor, com
argumentos interessantes e apontando o dedo ao dizer “não é assim, vou provar”.
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