13 março 2015

O direito de estar só


- Era quase escravidão, mas ele me tratava como uma rainha.

Confesso que ao ver casais de mãos dadas, sinto falta desse ato. Um simples ato. Dedos que se entrelaçam, mas o coração também é dividido como se fossem gêmeos siameses. Sinto falta das ligações, risadas ao narrar o dia, do beijo, do sexo. Sinto saudade de sentir saudade, entendem?

Sempre imaginei que o “se reinventar e se reencontrar” fossem clichês de escritores que têm a alma castigada, mas precisam escrever algo bom para que – até eles – possam acreditar. Descobri que não é clichê e nem mentira. Nós nos reencontramos depois da partida! Aprendemos coisas sobre nós que nem percebíamos por estar aprendendo algo sobre os outros.  É assustador e engraçado, ao mesmo tempo.  Eu nunca me visualizei fazendo rapel! Mentira... Assim... Nos piores dias eu me visualizei fazendo rapel e cortando a corda para morrer fazendo check-in no chão. E agora eu visualizo fazendo rapel sem cortar a corda...

Agradeço a quem inventou o moletom e a quem inventou o elástico de cabelo! Ficar em casa sem sutiã e com o cabelo mais preso que assassino é taaaaaaaão bom. Ir para a faculdade sem maquiagem e não ter que ficar olhando no espelho se a base está derretendo como pote com sorvete fora do freezer... É MELHOR AINDA! Porque o direito de estar só te permite a tranquilidade e a paz.  O direito de estar só, não te obriga a se arrumar como se fosse a uma festa e muito menos te deixa paranoica pensando “ah meu Deus, ele não pode me ver assim”. O direito de estar só permite que você ande mais derrubada que o muro de Berlim.  Permite que você economize o pó compacto e não te obriga a se submeter à depilação com cera quente. Afinal, você não tem ninguém te chamando para jantar e depois virar a sobremesa. Sem drama, sem neuroses, que todas as mulheres possuem, e sem perder noites de sono pensando em coisas mirabolantes e na morte da bezerra. Sem obrigações, sem dar satisfações, sem precisar agradar. Esses são os direitos de estar só e sempre será. Acho que enviarei até o Palácio do Planalto para que se torne lei federal.

Outra cláusula do direito de estar só é que podemos ver os amigos sofrendo por uma mensagem não visualizada ou visualizada e não respondida. Podemos respirar aliviados pensando “OBRIGADA SENHORRRRR, POR ME LIVRAR DESSE SOFRIMENTO”. No momento, vejo muitas vantagens que não veria antigamente, mas sim. Sim, eu quero segurar a mão de um alguém. E não será qualquer mão. Quero que seja leve ao segurar a minha e forte ao tentar me reerguer! Quero que essa mão enxugue minhas lágrimas e contorne meus lábios com ternura.  Quero uma mão sem muitas bagagens, que tenha apenas o necessário para que possa ficar!




Um direito resumido em muita calmaria, massagem nos pés e liberdade. Muita liberdade. Merecemos. 

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