- Era quase escravidão, mas
ele me tratava como uma rainha.
Confesso que ao ver casais
de mãos dadas, sinto falta desse ato. Um simples ato. Dedos que se entrelaçam,
mas o coração também é dividido como se fossem gêmeos siameses. Sinto falta das
ligações, risadas ao narrar o dia, do beijo, do sexo. Sinto saudade de sentir
saudade, entendem?
Sempre imaginei que o “se
reinventar e se reencontrar” fossem clichês de escritores que têm a alma
castigada, mas precisam escrever algo bom para que – até eles – possam
acreditar. Descobri que não é clichê e nem mentira. Nós nos reencontramos
depois da partida! Aprendemos coisas sobre nós que nem percebíamos por estar
aprendendo algo sobre os outros. É assustador
e engraçado, ao mesmo tempo. Eu nunca me
visualizei fazendo rapel! Mentira... Assim... Nos piores dias eu me visualizei
fazendo rapel e cortando a corda para morrer fazendo check-in no chão. E agora
eu visualizo fazendo rapel sem cortar a corda...
Agradeço a quem inventou o
moletom e a quem inventou o elástico de cabelo! Ficar em casa sem sutiã e com o
cabelo mais preso que assassino é taaaaaaaão bom. Ir para a faculdade sem
maquiagem e não ter que ficar olhando no espelho se a base está derretendo como
pote com sorvete fora do freezer... É MELHOR AINDA! Porque o direito de estar só te permite a
tranquilidade e a paz. O direito de estar só, não te obriga a
se arrumar como se fosse a uma festa e muito menos te deixa paranoica pensando “ah meu
Deus, ele não pode me ver assim”. O
direito de estar só permite que você ande mais derrubada que o muro de
Berlim. Permite que você economize o pó
compacto e não te obriga a se submeter à depilação com cera quente. Afinal,
você não tem ninguém te chamando para jantar e depois virar a sobremesa. Sem
drama, sem neuroses, que todas as mulheres possuem, e sem perder noites de sono
pensando em coisas mirabolantes e na morte da bezerra. Sem obrigações, sem dar
satisfações, sem precisar agradar. Esses são os direitos de estar só e sempre
será. Acho que enviarei até o Palácio do Planalto para que se torne lei
federal.
Outra cláusula do direito de estar só é que podemos ver os
amigos sofrendo por uma mensagem não visualizada ou visualizada e não
respondida. Podemos respirar aliviados pensando “OBRIGADA SENHORRRRR, POR ME
LIVRAR DESSE SOFRIMENTO”. No momento, vejo muitas vantagens que não veria
antigamente, mas sim. Sim, eu quero segurar a mão de um alguém. E não será
qualquer mão. Quero que seja leve ao segurar a minha e forte ao tentar me
reerguer! Quero que essa mão enxugue minhas lágrimas e contorne meus lábios com
ternura. Quero uma mão sem muitas
bagagens, que tenha apenas o necessário para que possa ficar!
Um direito resumido em muita
calmaria, massagem nos pés e liberdade. Muita liberdade. Merecemos.
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