26 março 2015

A Família Tradicional Brasileira

- Está respirando por aparelhos.

Como é uma família tradicional brasileira? É aquela família em que a mulher levanta na madrugada para fazer o café do marido que trabalha na fazenda? É aquela que existe uma mãe, um pai e três filhos? É aquela família onde a modernidade e tecnologia não tocaram?

Como podem ter noção de “família tradicional” se - mesmo nos séculos passados - temos mães criando filhos sem uma figura paterna, crianças órfãs, reis divorciados, rainhas dividindo o marido com diversas amantes? A verdade é que não há uma família de exemplo para que as pessoas possam questionar os valores de hoje. Estamos em 2015 e querer que permaneça os costumes de outrora é ingenuidade, prepotência e irracional!   Se houver algum exemplo... Ele morreu. E graças a Deus.

Eu nunca me canso de citar painho em meus textos, com certeza é meu hábito favorito, e todo aquele blá blá blá de ser um homem rural, que não teve a  oportunidade de ser graduado e mais blá blá blá. Acho que a VIDA foi a melhor faculdade e ensino superior que teve! O meu pai engravidou a minha mãe (que tinha 24 anos, e o bebê não era eu) e prometeu a dar uma família para ela. Nada de “anormal” até aí. O que ninguém compreende é que minha mãe foi questionada por meu avô várias vezes se ela gostaria de casar. Ele chegou a dizer que ela poderia ficar com a pequena Camilla, que poderia ser uma mãe solteira, que poderia continuar fazendo faculdade e que a família ajudaria. Interessante, não é? E isso foi nos anos 80, época que preconceito ainda era enraizado e demonstrado.

O meu pai cumpriu a promessa. Somos três, duas pessoas que tiveram criações diferentes e uma jovem que não teve uma criação específica. O mundo a criou, mas é claro que ela aprendeu com as fábulas da própria família, os erros das pessoas próximas e com o olhar atento do pai. É impossível não assistir novelas com meus pais. São noveleiros de carteirinha e grandes fofoqueiros em relação à spoilers. Assistem às novelas e sabem que a cada década que passa os autores renovam os próprios valores para dar espaço ao público esquecido (muitas vezes de propósito). Diante do primeiro beijo lésbico da terceira idade ocorreram os seguintes comentários na minha casa: “Nossa, nem lembro a última novela que Fernanda Montenegro fez. Tu lembra Bosco?” “Eu mermo num lembro.” Som do assopro para esfriar o café. Esses foram os comentários dos meus pais.


Tanto burburinho para pouca razão! Se eu fosse os pais das pessoas que se incomodaram, eu ma mandaria que pegassem o desinfetante, uma esponja, água e sabão para lavarem o banheiro. AH, NÃO DEIXARIA QUE UTILIZASSEM LUVAS. Quero que lavem o banheiro a LÁ Família TRADICIONAL BRASILEIRA. Afinal, nos séculos passados ninguém usava luvas para lavar banheiros. 

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