28 junho 2015

O conto de fadas contemporâneo

No meio de uma cidade grande, sem castelos, sem florestas sombrias, sem animais falantes ou espelho que fala o quanto você é bonita... Viviam pessoas normais, sem a beleza das princesas, loiras e brancas, e sem finais “felizes para sempre”. É, era uma vez o nosso conto de fadas moderno.

Crescemos ouvindo histórias inspiradoras com príncipes encantados e reinos, mas a verdade é que nada disso existiu e existe. É só pegar um livro de história, do ensino médio, e ver que os casamentos entre reis e rainhas eram por pura conveniência para ter aliados e conquistar outras terras. As princesas eram praticamente vendidas a príncipes medíocres, violentos e infiéis. O sonho de viver um conto de fadas é quebrado, sem querer, pela vida. Não precisamos nem perguntar aos nossos pais, que liam para nós antes de dormir, o que é real ou ficção. Já nascemos programados(as) para dizer que o príncipe não deveria ter beijado a Branca de Neve enquanto dormia. Isso é uma violação, sem consentimento.  

Não há “lindos e bondosos” príncipes encantados à nossa procura, para nos calçar com sapatinho de cristal. Há vendedores - em lojas de calçados - elogiando o sapato que nos interessou e convencendo os clientes a levar o produto. O príncipe moderno trabalha na empresa Não Sou Príncipe.  Não anda a cavalo, não está procurando uma princesa mimada que só pensa em casar, luxar, usar o cabelo solto de prancha e ter filhos. Eles querem a garota que não usa vestido todos os dias, querem a garota divertida, independente, aliada sem contratos e cláusulas. E as mulheres? Querem fazer o próprio final feliz, com príncipe ou sem príncipe. Com filhos ou sem filhos. Querem uma companhia para assistir o filme preferido delas, querem trabalhar e ter um relacionamento saudável. Querem uma união simples casando “na rua, na chuva ou numa casinha de sapê”, querem recomeçar quantas vezes quiserem. Querem viajar pelo mundo, conhecer outras pessoas e reconhecidas por seus trabalhos. Ao furar o dedo, as princesas modernas, não adormecem e esperam alguém para acordá-las. Elas lavam o dedo, colocam um Band-aid e voltam a fazer algo produtivo.

As princesas modernas inscrevem-se nas aulas de boxe, vestem o que querem, dominam a pista de dança, beijam muitos sapos até encontrar alguém que soma porque já são completas. Elas não se submetem, não deixam ninguém duvidar da capacidade que têm. É O PURO LIVRE ARBÍTRIO. O nosso conto de fadas contemporâneo é mais belo que os dos livros, é encantado porque fazemos as escolhas certas e aprendemos com as erradas, é contemporâneo porque não esperamos ninguém para nos salvar (conseguimos ligar para a polícia, conseguimos evitar algo que nos coloque em perigo e conseguimos abrir o pote de ervilhas sozinhas). O nosso conto de fadas é encantado porque encontramos pessoas maravilhosas que não precisam morar em um reino ou ter um cavalo branco para nos impressionar. É contemporâneo porque não somos inocentes, ingênuas e influenciáveis. Muitas vezes somos bruxas, loucas, deusas e feiticeiras.   

Existe uma enorme preguiça (dentro de mim) de quem acredita que há personagens dos livros Irmãos Grimm no mundo. Espera, existe... Em Walt Disney World Resort. E mesmo assim são pessoas, com vários problemas psicológicos e contas para pagar, caracterizadas de personagens para a alegria das crianças. Gente como a gente, fazendo o próprio final feliz.



21 junho 2015

O que acontece em uma festa open bar gay?

Tudo, menos eu casada com Adam Levine. Para falar sobre essa festa voltarei aos primórdios. O BIG BANG. Tudo começou em uma festa de aniversário da minha amiga. A mesma que me levou para um show de regaee, fazendo com que eu levasse o maior fora da minha vida e me fazendo escrever o texto FranjaSolta.

Bem, eu estava deprimida e entregue às trevas do meu quarto. Tinha desativado a minha conta no facebook, baixei uns filmes e músicas com o tema “tristeza” para sofrer mais um pouco. PORQUE ESTAVA POUCO O SOFRIMENTO. O motivo? Um bocado. Você quer em ordem alfabética ou cronológica? Vamos começar pelo: DESEMPREGO. Agora passamos por: SOLIDÃO. Pegaremos um jatinho para a próxima causa: FACULDADE. Chegaremos em: CARÊNCIA. Pronto! Este foi o Tour da Depressão feat. Drama. Só queria dormir até o ano acabar, mas não... Uma das minhas melhores amigas tinha que fazer aniversário com direito a vinho, salgados, bolo, dois cachorros lindos (que um dia eu vou sequestrar), alguns amigos da faculdade que amodoro (amar mais adorar), Ciranda de Viados e interromper o meu tour. Como eu devo uma vida, o mundo e o fundo a ela... Levantei da cama, me vesti de preto (luto por deixar minha cama) e fui.

Durante o trajeto até a casa dela eu só pensava em fazer que a festa fosse a melhor levando meu bom humor. Nem precisei, fizeram a festa pra mim. Porque sempre que coloco o pé na casa dela é como se eu estivesse carregando a bateria do meu corpo e mente. E ontem fez um ano que conheci a minha Ciranda de Viados, porque foi no aniversário dela que os conheci. Às vezes eu fico contra o universo de graça e ele só quer conspirar ao meu favor sem pressa. Lá, na casa da minha amiga, eu dei gostosas gargalhadas, tirei mil selfies e fiz backing vocal repetindo a última frase das músicas. Essa festa me salvou e quando a festa acabou... A aniversariante vira para mim e “vamos para uma festa open bar gay? Tenho que comemorar mais e eu pago”. Eu disse vamos, porque nunca tinha ido para uma festa open bar. Sério. O local eu conheço desde criança porque o clube era da empresa onde meu pai trabalhava  e meu tio era presidente. Nos domingos, quando criança, eu adorava ir para tomar banho de piscina e voltar com o cabelo mais duro que rapadura por causa do cloro.

A festa open bar não estava cheia, havia alguns amigos meus e vodca. Como diz minha amiga, “senti umas vibrações sádicas” (quando uma lésbica está te querendo, ela adotou da série Orange Is the New Black) para o meu lado. Virei para os amigos e perguntei onde estavam os héteros. Deram uma risada maléfica e me senti em um filme que todo mundo conhece e adora: PROCURANDO HÉTEROS. Eu e o barman éramos os únicos héteros da festa. Ele é gato, mas a aliança no dedo parecia soltar laser cada vez que ele fazia um drink para mim. O casamento dele deve ser lindo... Queria participar. GENTE, MENTIRA. O que me impressionou era “as gay” dançando mais (e melhor) que eu. E me senti velha porque às vezes tocava umas músicas que eu não conhecia... Umas cantoras loucas... E eu esperando tocar umas coisas que eu soubesse a letra e o nome da cantora... AÍ TOCOU BRITNEY. 



Dancei um pouco e como estava de salto, o sapato começou a crucificar meu pé e fui sentar no banheiro (parece uma sauna). Estava fugindo de umas lésbicas que pegaram no meu cabelo e fizeram com que eu jurasse que não voltava mais. "EM NOME DE JESUS, ME SALVA DEUS." Eu sou tão inteligente que fui sentar no território do inimigo: o banheiro feminino. Lá eu vi uma menina chorando e mandando áudio para alguém e dizendo “não me deixe. Véi eu to aqui pra você...”. Uma DR via áudio. Apareceu outra quase desmaiando carregada pelo amigo que a colocou sentada, mas ela ficava como boneco de posto e eu só julgando como a família tradicional brasileira. Ela parecia ser menor e o melhor era as respostas que ela dava ao amigo. “Tô de boa.”

MINHA FILHA, SE VOCÊ "TAVA DE BOA" NAQUELA SITUAÇÃO DE QUERER DEITAR NO CHÃO... Imaginem quando ela não estiver de boa.

16 junho 2015

Relacionamentos Abusivos

Para chegar ao tema que tomei conhecimento, em fevereiro, no vídeo a partir do canal da JoutJout Prazer no YouTube. JoutJout dá vários exemplos sobre o que é um relacionamento abusivo e ao ouvir esses exemplos... Eu tenho más notícias...

Para explicar o que é um relacionamento abusivo, preciso conceituar o que é um relacionamento. Bem, um relacionamento é quando a gente manda aquele coração gigante que pisca, no aplicativo WhatsApp, e recebe um igual. Em vez de um joinha,  emotion sorrindo ou mensagem visualizada e não respondida. MENTIRA GENTE, relacionamento não é isso. Um relacionamento é conceituado como uma ligação afetiva em vários campos: amoroso, profissional ou uma amizade. No geral, são experiências da rotina que compartilhamos com quem queremos e também com quem não queremos, mas temos que conviver em prol da PAZ MUNDIAL. Agora que tentei conceituar o significado da palavra “relacionamento” preciso compartilhar algumas experiências que não são minhas, mas que presenciei, ouvi e li.

Eu nunca tive um relacionamento abusivo, nunca fui obrigada a fazer sexo quando não queria e nunca me fizeram trocar de roupa. Eu posso dizer que vivi um relacionamento negligente, mas abusivo não. Você pode me achar sortuda, mas de certa forma eu vivi o pior dos relacionamentos abusivos por minhas amigas e amigos. E nós não conseguíamos nomear essas relações porque nos culpávamos. Estou me incluindo porque eu estava ali, com elas, também me culpando por não conseguir ajudá-las e me ajudar. Nós achávamos que éramos masoquistas, elas por passarem o que NENHUMA mulher deveria passar e eu por tentar segurar a água com a mão sem deixar escorrer por meus braços. Sofríamos juntas. O começo de uma história é que Beatriz já tinha levado um tapa na cara do primeiro relacionamento. Ela terminou. O seu segundo relacionamento durou anos a fio sob pequenas torturas psicológicas, humilhações para quem quisesse ver e traições. Beatriz não conseguia sair dali porque ele sempre a fazia mudar de ideia. Mudava o comportamento e a convencia. Ela sabia o que estava acontecendo, eu também. Um mês de bondade dele e dez meses de xingamentos, flertes, traições, “tira essa roupa”, “puta”, “estou sem dinheiro, paga pra mim”, ter vergonha dela e há o fato em que Beatriz fazia sexo quando não queria e sabendo das traições. Por medo de perdê-lo.

O medo da solidão, de realmente achar que não encontraria mais ninguém, de recomeçar tudo de novo, de conhecer uma pessoa nova e não conseguir se envolver. Esse é o primeiro motivo e medo que alguém sente em um relacionamento abusivo. Eu sinto isso, tenho medo. No fundo ninguém quer ficar sozinho, mas se for pra ficar com alguém que não te faz bem... É melhor fazer maratona de séries, sair com uma Ciranda de Viados, beijar as fotos de Adam Levine... O outro caso é de Luna. Luna não consegue terminar porque é ameaçada com fotos da intimidade dos dois. Sim, Luna não conta aos pais. Não vai à delegacia e não deixa os amigos intercederem. Parou de falar com os amigos, não é a mesma, acha que é culpa dela e diz “ele não é uma pessoa ruim”. Bem, se ele não é ruim temos que pedir uma lobotomia para ela, perguntar a Deus o que está acontecendo e rezar um rosário para Nossa Senhora Desatadora dos Nós desatar esse nó na mente de Luna.

Murilo é gay, reclama do preconceito que sofre com o namorado. Eu precisei trazer o vídeo da JoutJout  para que ele pudesse sair do coma. Os sinais vitais dele estão ótimos, mas hoje fiz algo por ele: eu esclareci que a culpa não é dele, que o cabelo dele é lindo, que não precisa se afastar dos amigos ou da família. Li todo seu desabafo e as humilhações que ele passa como: o namorado pegar conversas antigas (com sacanagem) de Murilo com outras pessoas antes de namorar, fazer uma montagem e colocar como papel de parede no computador do meu amigo.  Na faculdade de Murilo, Leonardo o beija. Na faculdade de Leonardo, Murilo não recebe nem um abraço. Triste, né? Voltando para Beatriz... Ela conquistou muita coisa com seu esforço e dedicação, o ex não ficou tão feliz. Menosprezava suas conquistas porque estava  desempregado. Colocava-a no núcleo da terra com tanta pisada. Ela cansou de me contar, eu cansei de ter raiva dele e ela cansou dele. Esse tipo de cansaço é o melhor que existe. É O CLICK NA MENTE. Está linda, focada e cuidando de seu mundo.

Eu não alcanço Luna. Não é um trocadilho, mas é que eu realmente não posso mais ajudar uma lua que - como diz Sandy & Junior - bem lá no céu, vivendo em seu mundo triste. Murilo está acordado e eu seguirei seus passos até a libertação. É importante dizer que os relacionamentos abusivos também acontecem em casa. Com os pais. Pais que aterrorizam mais que amam. Que bate em seus filhos por serem gays, lésbicas ou não se entregarem ao fanatismo de uma religião que para eles é o correto. O relacionamento abusivo também está no emprego. Ao exercer uma função que não é sua, ao ter que submeter a exageros daqueles que possuem cargos superiores. O relacionamento abusivo também está na escola e faculdade, com professores submetendo alunos a várias situações desnecessárias.

O que você pode e deve fazer é perceber onde está, em que situação você está. É dizer não, não pedir desculpas quando não está errado(a), terminar algo que se espalha como um tumor e que vai matando sua autoestima aos pouquinhos.  Eu tive minha cota de relacionamento abusivo vendo meus amigos passarem por isso na vida amorosa e na “amizade”. Aproveitar-se da bondade e disponibilidade de alguém é o cúmulo. Amem-se. Não seja abusivo e não deixe que o medo vença.




Acho que estou tendo um relacionamento abusivo com mainha por não lavar os pratos. Vou até dar uma olhadinha ali na pia porque a consciência pesou mais que um elefante. 

08 junho 2015

Os tipos de abraços

Tenho um amigo que se entrega na hora do abraço, nos entregamos. Para muitos, o ato de envolver outra pessoa com os próprios braços é o maior gesto de carinho e conforto. Para uma minoria, abraçar tornou-se algo pessoal. Pobres mortais.

Adoro observar abraços... OK, Eu julgo abraços. ESTÁ BEM, EU JULGO A PESSOA PELO ABRAÇO. CULPADA. É mais forte que eu. E consigo distinguir quem não me suporta e quem quer minhas nudes só com um abraço (acho que todo mundo consegue fazer uma análise assim). Essa observação facilita a minha vida porque sei onde e com quem chorar. Sei quem está aturando por educação, sei que no encontro não vai rolar beijo só pela forma que me abraçaram. Por mais que queiram, NINGUÉM consegue fingir ou simular um abraço amoroso por muito tempo. O corpo fala e entrega os mentirosos. Só lamento, mas eu conheço vocês... E isso é bom e ruim, ao mesmo tempo, porque tenho que viver jogando o joguinho da “boa convivência”.

Eu posso classificar os abraços em algumas modalidades (se você estiver rindo e achando que sou louca, não viu nem metade do que classifico mentalmente e não deixo por escrito), como em olimpíadas. Sério. Há o abraço “amiga(o) não te suporto, mas vamos disfarçar pelo bem da sociedade”, são abraços rápidos onde duas bochechas se encontram e desencontram em menos de um segundo. As duas pessoas que utilizam essa mensagem corporal ficam em extremidades opostas durante toda a social. Observem... Acho que estou dando uma granada a vocês, mas vou continuar... Sempre adorei plantar pequenas sementes da reflexão. O abraço onde você sente que está em um iglu é o mais perigoso. A pessoa te envolve e você treme. É mais conhecido como abraço do “término mal resolvido”. A relação acabou, mas o choque elétrico que recebe pela pele é vívido como nunca.

O abraço do término mal resolvido é engraçado de assistir (claro que é, não é comigo mesmo...). Primeiro a expressão facial muda para algo sombrio, como se pensassem “cadê a crosta terrestre abrindo-se neste exato momento para ter um abismo entre a gente?”, o sorriso falha na primeira tentativa e os abraços são laterais. Sim. LATERAL. COMO SE VOCÊ ESTIVESSSE EM UM JOGO DE FUTEBOL E ALGUÉM FOSSE MARCAR NA LATERAL. Ah, o abraço apaixonado eu preciso explicar? Não, né? E o abraço nos melhores amigos? Acho que também não preciso explicar porque são quase semelhantes. A diferença é que uma hora temos que soltar os amigos para eles prepararem mais drinks, irem ao banheiro, expulsarem a gente da casa e ouvir dizerem o “amiga, pare”. O apaixonado envolve abraços, céu e terra. O DA DESPEDIDA, poderia acabar com a seca no Nordeste, irrigar diversas plantações e acabar com a fome do mundo. O abraço da despedida foi feito para drenar toda a água que percorre o nosso corpo.

E para terminar essa pesquisa empírica (que irá concorrer a nível internacional  pelo prêmio de melhor observação)... O melhor abraço é o do primeiro encontro. É MELHOR POR SER RUIM. RUIM AO EXTREMO. Você é obrigado a abraçar com todo respeito, com toda a delicadeza, sem encostar coxas, pélvis, peitos... E ter a convicção de que esse abraço “santo” é o fim do encontro. Pelo menos pra mim. É o abraço do início que me indica o fim.  


01 junho 2015

Bobeira é não viver a própria sexualidade

Renato disse aos dezoito anos de idade. Cazuza respondeu, também, aos dezoito. Cássia nunca escondeu que pedia a Deus um pouco de malandragem e a felicidade em ser quem era ao segurar a mão de Maria Eugênia.

Preciso falar sobre o meu disclaimer: há tempos não somos os mesmos. E há tempos não é preciso esconder amor. E há tempos os jovens não precisam temer retaliações da sociedade sobre a homossexualidade. O meu aviso pode parecer paráfrases das músicas do Renato Russo, de Cazuza ou da Cássia Eller. A intenção é essa, não se preocupe. Você não está em um filme de ação e perseguição. Não precisa correr mais, pare e fique. Seja na sua casa, diante dos seus pais (religiosos ou não) diga a verdade. O que vejo são jovens reprimidos pelo choro da mãe, pelo olhar acusatório do pai. Se você gosta de meninos e meninas, não recue por não se tornar o plano perfeito da família ou da sociedade. O que você vai ser quando crescer? Fugitivo de si, da própria alma e felicidade? Você não contém um relicário para guardar tudo que te faz feliz e na verdade, esse relicário não precisa guardar a sua essência. Guardar você. É tempo perdido, ceder ao medo. Medo de perder. Perder o respeito, o amor de quem te criou, perder um lugar no mercado de trabalho, no time de futebol, no balé por gostar de meninas. Você já tem um lugar, leis que te protegerá (mesmo quando falham – a lei do homem – não é páreo para a do universo e retorno), movimentos que não largarão a oportunidade de reivindicar o seu direito de ir e vir sem ser respeitado como um hétero. Vocês não são marginais. Amar não é crime e se um dia chegar a ser... Pegarei pena de morte.

Quem me dera, ao menos uma vez, fazer com que o mundo entenda que se precisa de abraços e não repúdio e discursos de ódio por você amar. Se te chamam de “bicha” e você continua andando sem responder, estará dando a melhor resposta. É como em filme de ação: algo explode e você continua andando. Infelizmente sem poder, pelo menos, dar um soco (OK. EU DISSE QUE O SILÊNCIO É A MELHOR RESPOSTA, MAS EU NÃO RECEBI UMA APARIÇÃO DIVINA DIZENDO QUE SOU OCEANO PARA SER TÃO PACÍFICA. Olhei para o lado, não tem espaço para o Prêmio Nobel da Paz aqui).

Se a vida fosse resumida em esconder a homossexualidade, quem iria agitar as festas? Quem iria me fazer refletir sobre superações, genialidade e bater cabelo? Em que outro planeta (planeta Miga) eu iria patentear uma CIRANDA DE VIADOS na minha vida? E as conquistas? O casamento gay, o direito de adotar e dar um lar feliz para uma criança que nem sempre terão ao lado de pais “padrão/sociedade/aceitos pela família evangélica” vulgo “heteros de campanhas publicitárias”. Não, não se escondam. Não deixe a piadinha pra lá, você tem nome e não deve ser chamado pelos estereótipos de bicha, sapatão, caminhoneira ou travesti. Mil preconceituosos cairão ao seu lado, dez mil cairão à sua direita. Mas você não será atingido porque eu aparecerei com um TEXTÃO. Ou terra para jogar nos olhos mesmo...


Não há mais o que temer. Não, não é um discurso para ser veículado em rede nacional e internacional após uma guerra. Sou feita de contradições, porque existem outros problemas que fazem o medo: seca, fome, guerra civil, biológica, conferir o troco quando é de humanas... Sempre haverá, mas não para vocês. Não para você que ama uma pessoa do mesmo sexo. Não hoje e nem amanhã. E como disse Cazuza, em uma dedicatória para si mesmo, “Caju: fique livre do mundo, aproveite a dor, ame de olhos fechados e se divirta na Terra. Cazuza”.