Tenho
um amigo que se entrega na hora do abraço, nos entregamos. Para muitos, o ato
de envolver outra pessoa com os próprios braços é o maior gesto de carinho e
conforto. Para uma minoria, abraçar tornou-se algo pessoal. Pobres mortais.
Adoro
observar abraços... OK, Eu julgo abraços. ESTÁ BEM, EU JULGO A PESSOA PELO ABRAÇO.
CULPADA. É mais forte que eu. E consigo distinguir quem não me suporta e quem
quer minhas nudes só com um abraço (acho que todo mundo consegue fazer uma
análise assim). Essa observação facilita a minha vida porque sei onde e com
quem chorar. Sei quem está aturando por educação, sei que no encontro não vai rolar
beijo só pela forma que me abraçaram. Por mais que queiram, NINGUÉM consegue
fingir ou simular um abraço amoroso por muito tempo. O corpo fala e entrega os
mentirosos. Só lamento, mas eu conheço vocês... E isso é bom e ruim, ao mesmo
tempo, porque tenho que viver jogando o joguinho da “boa convivência”.
Eu
posso classificar os abraços em algumas modalidades (se você estiver rindo e
achando que sou louca, não viu nem metade do que classifico mentalmente e não
deixo por escrito), como em olimpíadas. Sério. Há o abraço “amiga(o) não te
suporto, mas vamos disfarçar pelo bem da sociedade”, são abraços rápidos onde
duas bochechas se encontram e desencontram em menos de um segundo. As duas
pessoas que utilizam essa mensagem corporal ficam em extremidades opostas
durante toda a social. Observem... Acho que estou dando uma granada a vocês,
mas vou continuar... Sempre adorei plantar pequenas sementes da reflexão. O
abraço onde você sente que está em um iglu é o mais perigoso. A pessoa te
envolve e você treme. É mais conhecido como abraço do “término mal resolvido”.
A relação acabou, mas o choque elétrico que recebe pela pele é vívido como nunca.
O
abraço do término mal resolvido é engraçado de assistir (claro que é, não é
comigo mesmo...). Primeiro a expressão facial muda para algo sombrio, como se
pensassem “cadê a crosta terrestre abrindo-se neste exato momento para ter um
abismo entre a gente?”, o sorriso falha na primeira tentativa e os abraços são
laterais. Sim. LATERAL. COMO SE VOCÊ ESTIVESSSE EM UM JOGO DE FUTEBOL E ALGUÉM
FOSSE MARCAR NA LATERAL. Ah, o abraço apaixonado eu preciso explicar? Não, né?
E o abraço nos melhores amigos? Acho que também não preciso explicar porque são
quase semelhantes. A diferença é que uma hora temos que soltar os amigos para
eles prepararem mais drinks, irem ao banheiro, expulsarem a gente da casa e
ouvir dizerem o “amiga, pare”. O apaixonado envolve abraços, céu e terra. O DA
DESPEDIDA, poderia acabar com a seca no Nordeste, irrigar diversas plantações e
acabar com a fome do mundo. O abraço da despedida foi feito para drenar toda a
água que percorre o nosso corpo.
E
para terminar essa pesquisa empírica (que irá concorrer a nível internacional pelo prêmio de melhor observação)... O melhor
abraço é o do primeiro encontro. É MELHOR POR SER RUIM. RUIM AO EXTREMO. Você é
obrigado a abraçar com todo respeito, com toda a delicadeza, sem encostar
coxas, pélvis, peitos... E ter a convicção de que esse abraço “santo” é o fim
do encontro. Pelo menos pra mim. É o abraço do início que me indica o fim.
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