01 fevereiro 2015

O carnaval da inclusão

- Gente... Juazeiro... Gente......... Meu Deus.

Sábado (TUNZ, TUNZ, TUNZ) o dia em que Deus/Tupã descansou e dia dos amigos jogarem as apostilas para concurso de lado, amassar, pisar em cima e sair para dividir a barra que é viver. Reunimos-nos em um bar na cidade de Juazeiro com a intenção de criar raízes lá. Os planos mudaram ao dizerem três palavras. “HOJE TEM SAULO”.

Confesso que me animei e sim, coloquei uma condição (na verdade foram várias, quase um contrato): ficarmos parados, sem gente suada por perto, sem ser roubada (MINHA NUDES NO CELULAR, NINGUÉM SAI), levar BOM AR. Assim como algumas pessoas viram vegetarianas do nada, eu virei anti-pipoqueira. Sabe o que pipoqueira? Aquela pessoa que não comprou o abadá  e fica de fora da corda dançando como se não houvesse amanhã. Sendo roubada também! Sentamos em um bar próximo ao local onde teria o encontro de trios, o encontro de Margareth Menezes e Saulo. O shock de monstro, o fatality do carnaval em Juazeiro.

Quando os trios começaram a aproximação do nosso local estratégico e vigiado pela polícia (SIIIIIM, ficamos perto dos policiais porque quem tem celular e documentos tem medo)... Leitor, sente-se, segure na minha mão e me ajude a encontrar o botão “desver”. Apareceu muita gente. Gente que você gostaria de “desver e desver novamente”. A impressão que ficou é que há um submundo abaixo de Juazeiro e essas pessoas saíram de lá quando alguém gritou “COMEÇOU O CARNAVAL”. Mas como eram essas pessoas? Rapaz, eu pensava que eu era feia... Agora eu tenho certeza que não sou das piores. Virei para o meu amigo e disse “vamos fazer uma cobertura independente e de graça?” “Vamos”. E COMEÇAMOS A NOSSA COBERTURA CHAMADA “OS BASTIDORES POR LAS GAY”. O nome se refere ao fato de que meus três amigos são gays e eu sou a cota hetera.  Sim, vimos de tudo. DE TUDO MESMO. O primeiro momento flagrado POR LAS GAY foi a cena de duas mulheres dançando como se tivessem tendo uma convulsão e rodopiado como um pião. QUASE VOARAM. DUAS BEYBLADE METAL FUSION!!! É  claro que me identifiquei! Faço isso a cada final de semestre ao constatar que não fui para a final. A segunda cena foi nomeada de “venha cá, venha cá, venha cá” porque um trio passou cantando essa música (que não sei de quem é, porque SOU DE HUMANAS) e atrás tinha apenas uma única pessoa colada no trio. Sim, uma única pessoa! E claro, dançando da forma mais epilética possível. Se o trio freasse ela desencarnava.

Por um momento achei que estava assistindo uma peça com várias reviravoltas. Houve barraco porque a namorada viu seu macho alfa (alfafa) olhando para outra fêmea, UMA DR EM PLENA FOLIA. E quando pensamos que a cobertura tinha encerrado os trabalhos... Mais cenas dignas de gostosas gargalhadas. Mães que deixaram os filhos surdos, mas não perderam a festa. Acho que em um universo paralelo, as mães preferiam deixar o bebê de colo no berço, longe de todo suor, cheiro de urina e TUNZ, TUZ, TUNZ. Contei cinco mães com bebês de colo pulando o carnaval. NOMEEI DE BLOCO GALINHA PINTADINHA. Em outro universo paralelo, também achei, que as grávidas de nove meses estavam em casa com a perna pra cima, esperando a semana começar para fazer a ultrassom... Mas NAAAÃO. ESTAVAM LÁ! NO CARNAVAL. QUASE PARINDO A CRIANÇA AO SOM DE SAULO. Contei sete. SETE GRÁVIDAS QUE DEVERIAM ESTAR INTERNADAS PARA DAR A LUZ. O nome do bloco? BLOCO DA ULTRASSOM 3D!! Esse carnaval foi o da inclusão, pois saído de um portal que não conseguimos visualizar, apareceram dois cadeirantes correndo (em suas cadeiras, claro) para a folia. Acompanhamos a cena e como se estivesse lendo as nossas mentes... “ESSE É O CARNAVAL DA INCLUSÃO.” (Menezes, Margareth. 2015). Sim, percebemos.

Em meio a muitas risadas com os comentários apareceu uma cara (vindo do submundo abaixo de Juazeiro) encarando o meu amigo e gritando os dizeres: “VEM NI MIM GOSTOSO”. Petrificado o meu amigo estava e permaneceu fazendo a egípcia (fingindo que não era com ele). DEUS NÃO ACHOU POUCO E MANDOU MAIS UMA PAQUERA PARA ELE... Dessa vez não era um cara, era uma adolescente descalça, short curto, apertado, para tudo transbordar (se ela sentasse o botão do short voaria e cegaria alguém) e fazendo a dança do acasalamento com direito a giro de 360º. Sabe aquele giro da Globeleza? Imagine a pessoa mais feia que você conhece fazendo ele. Pronto! E mais uma vez ele fez a egípcia e eu com outro amigo respirávamos com ajuda de aparelhos de tanto rir. Quando consegui respirar sem ajuda, passaram quatro policiais em fila indiana e o último me paquerou. Sim me olhou até me perder de vista. O que fiz? Sustentei o olhar por motivos de: L- I – N – D – O. Tive a impressão que ele se sentiu aliviado por ver alguém comportada, totalmente vestida e sem suar. Bem, é uma teoria... Mas eu me senti aliviada quando ele passou. Essa parte eu não preciso desver.

Você pensa que acabou? ACABOU NÃO LEITOR! Lá estávamos tentando parar de rir antes que chamasse atenção e... UM BÊBADO TENTA SE EQUILIBRAR SEGURANDO EM UM TRONCO MAIS FINO QUE CANO PVC! O tronco da pobre árvore estava cedendo com o peso dele e a queda seria mais feia que trocar o nome do namorado atual pelo o do ex na tatuagem. E então ele percebeu que iria cair e se sustentou em um tronco mais forte. FINGINDO QUE ESTAVA BEM ENQUANTO EU PASSAVA MAL DE RIR. Mal puxei o ar para me recompor e entra em cena os adolescentes alternativos.  O Nome do bloco? BLOCO NÃO PASSEI EM ZOOTECNIA NA UNIVASF! Mais gargalhadas. Mais gente respirando por aparelhos. Você está aí leitor? Porque tem mais... As roupas... JUAZEIRO FASHION WEEK. Sabe aquela pessoa que quando se arruma a gente não nota a diferença porque parece que saiu de uma festa temática chamada Festa Brega? Então!! Salto Agulha. No CARNAVAL. SALTO. Gente, as unhas dessas meninas devem ter caído... Os pés devem estar parecendo pastel de feira com aquelas bolhas. Só lamento. E para quê isso? Para Saulo? Não. Para as pessoas que eu gostaria de não ter visto. Amiga, pare. Valorize seus pés. Em mais um universo paralelo, pensei que a renda estivesse sido extinta nessa época, mas NÃO. MUITA RENDA E TRANPARÊNCIA EM QUEM DEVERIA TER AMIGOS PARA OUVIR “BICHA, PARE”. O ápice do desfile foi uma mulher de biquíni. SIM. E TINHA IDADE PARA SER MINHA MÃE. E PASSOU COMO SE ESTIVESSE ARRASANDO. Será que ela pensou que era a SAPUCAÍ? Se ela confundiu, eu vou dar a minha nota. “ESCOLA DE SAMBA BICHA, PARE”, nota... ZERO! PONTO ZERO.


O resumo? Para cada 50 pessoas: 30 eram policiais, 10 grávidas, 10 pessoas feias. Infelizmente. Sou de humanas, mas aprendi estatísticas nesse carnaval 2015.  

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