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Não, não foi sua culpa.
Eu
não te conheço, mas seu nome está por todos os lugares. Está no telejornal, no
impresso, no blog, na conversa das vizinhas e agora em minha mente. Ontem eu
escrevi um texto sobre objetivos e nele fiz o seguinte questionamento: tem
gente que recomeça da morte, de um desastre, da fome, de uma guerra... Já parou
para pensar nisso?
Não
consegui parar de pensar no que me incomodava: o julgamento das pessoas sobre a
morte da sua pequena filha. A filha que você tinha planejado. Que amou, deu
banho, viu os primeiros passos e ouviu as primeiras palavras. Rodrigo Machado,
não foi a sua culpa. Marina não foi esquecida pelo pai. Foi esquecida pelo Rodrigo preocupado com
contas, preocupado em bater o ponto no trabalho, em ter que resolver os
problemas da Secretaria de Finanças. Marina não te culpa, eu não te culpo e se
nós duas tivermos que culpar alguém... Eu e Marina culparíamos o tempo, o
trabalho, a rotina, o capitalismo.
Rodrigo
Machado, por favor, não se destrua, não se renda a culpa que querem te impor.
Ela massacra mentes inocentes e extermina a vontade de recomeçar. Eu não sou
nada mais que uma pernambucana de vinte e poucos anos com a capacidade de se
expressar por meio de pequenos textos em um blog, mas eu precisei sussurrar
essas palavras, esses pedidos, porque estavam me sufocando. Somos feitos de
erros, acertos e esquecimentos. Não somos máquinas programadas para fazer tudo
com perfeição... Somos humanos e imperfeitos e cada um de nós está sujeito a
sua parcela de fatalidades nesta vida.. Não, você não matou a sua filha. Você não
a matou.
Eu
costumo me perguntar “o que eu mudaria se pudesse voltar no tempo?” e hoje eu
percebi que passaria esse “poder” para alguém como você, para alguém como a
minha mãe. A minha mãe perdeu uma filha e também carrega uma culpa que não é
dela. Os pais fazem isso.
O
tempo vai passar e a dor vai diminuir, eu prometo... porque assisto todos os
dias uma nova gargalhada da minha mãe, quando houve um tempo em que pensei que
jamais voltaria a ouvi-las. Você vai se culpar menos, a sociedade vai esquecer
você e Marina. Eu não esquecerei porque escrevi para você, para ela e para essa dor que todos nós
aprendemos a carregar, mais leve, a cada novo dia.
Que linda ♥
ResponderExcluirNão consigo imaginar a dor desses pais, sou mãe Calincka, e não consigo imaginar perder minha galega.
Que consigam superar a perda :'(