26 dezembro 2014

Sem discrição

- Posso passar o fio dental?
- Não!

 Vestida no meu pijama com fru-fru e surfando na internet (não sou o Gabriel Medina, mas sei surfar lindamente na rede mundial de computadores) às 01h00 da madrugada e sobe janela de um amigo me chamando para ir na orla de Petrolina e nos reunir  com a Ciranda de Viados. Eu ia me negar? Nunca.

Peço ao meu amigo 30 minutos para me arrumar e ele me dá 20 minutos. Alguma coisa eu ia deixar para trás... Deixei a maquiagem, o batom rosa e a DISCRIÇÃO. Na verdade discrição nunca teve muito a ver comigo... Sou uma contadora de histórias e preciso dar detalhes mesmo quando ninguém quer saber. Ao chegar na orla eu encontrei a minha Ciranda e conversamos muito sobre diversos assuntos, alguns desagradáveis e outros que renderam gostosas gargalhadas. Não me deram tempo para passar farinha de tapioca na cara e então decidi deixar a vergonha e discrição em casa para o sofrimento dos meus GAYS. Eu estava me sentindo Maria: “bendita seja vós entre os viados”, porque nesta noite eu era a única mulher entre eles.

Sabe o cara com quem me esbarro sempre que saio? Ele apareceu lá ficou alguns minutos (o suficiente para me fazer desejar uma casa com 3 filhos, um cachorro e ele nu me esperando em uma banheira... Momentos).  Mais uma vez deu um beijinho no meu cabelo patrocinado pelo Pantene  E FOI EMBORA PORQUE ESTAVA GRIPADO.  EU NÃO ME IMPORTARIA DE PEGAR GRIPE COM ELE. EU ATÉ O BEIJARIA COM O NARIZ ESCORRENDO. (Mentira gente, eu tenho uma higiene a zelar). O ápice da noite foi a minha falta de decoro. É que na minha Ciranda (é minha sim, comprei no Mercado Livre) Fulano já ficou com Beltrano, que já ficou outro Fulano da Ciranda  que namora um outro Beltrano, também da Ciranda, e que é só amor, parece seriado americano, mas de verdade mesmo e SEM MÁGOAS, SEM DISPUTA... Quase um PASSA OU REPASSA ONDE EU SOU O CELSO PORTIOLLI. Mentira! Está mais para o poema “Quadrilha” de Carlos Drummond de Andrade: João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim que amava Calincka que amava Adam Levine que não amava Calincka, triste fim...

Como todo palhaço, eu comecei a imitar um dos amigos sobre os seus cumprimentos: a diferença quando ele cumprimenta alguém que está querendo nu e a diferença de quando ele não quer conversar sobre Aécio Neves. É claro que rimos até perder o ar, mas valeu à pena e sem querer, no momento das imitações acabei entregando os ex romances... Discrição? ZERO. RIMOS MAIS AINDA. Estava com medo que eles pudessem ter um aneurisma de tanto rir. O AMIGO QUE IMITEI FICOU TÃO DESNORTEARDO COM MINHAS OBSERVAÇÕES QUE ESQUECEU O QUE ERA ESQUERDA E DIREITA... Tudo bem que ele é de humanas... MAS EU FIQUEI PREOCUPADA!


E como é bom gargalhar sentada no chão com um bando de viados lindos, talentosos e bem sucedidos! Eu estava precisando dessa injeção de felicidade + risadas + amor e VIDA! 

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