31 janeiro 2015

Ela vai voltar

“Fez ela se afastar, mas ela vai voltar.”

Sair com amigos é sempre essencial.  Eles nos dão a lucidez em uma única frase. “Bicha, pare.” Sempre nos dão uma lanterna para que possamos iluminar o caminho escuro que se estende por toda uma vida. Se a lanterna pifar, nos acostumamos com a escuridão e podemos segurar sua mão.

Sábado (TUNZ, TUNZ, TUNZ) e menina Calincka já entra no carro com um nó na garganta, MAS O NÓ NÃO SERIA DESFEITO NO COMEÇO DA NOITE. É preciso ouvir. Dois amigos, dois nós. Buscando na noite e um no outro as palavras certas depois de uma semana frustrante, depois de expectativas virando poeira lunar. Houve risadas com a ciranda, mas dessa vez eu não estava presente em alma. Mudamos de local e escolhemos um bar porque Petrolina estava intransitável. Motivo? Carnaval em Juazeiro. A cidade gêmea de Petrolina, mas separada pelo o Rio São Francisco e uma ponte.

O Bar não estava cheio. Sentamos e como sempre somos confundidos com um casal... Meu amigo gay pediu um drink rosa que me faz rir e morrer de vergonha ao mesmo tempo.  E MESMO ASSIM FOMOS CONFUNDIDOS COMO UM CASAL. Provavelmente eu sou vista como a usada por namorar um cara gay. Tudo bem, melhor que ser coitada por namorar de verdade um cara que é gay! Estávamos ali, duas almas que tinham se confessado dentro do carro (é um ritual), segurando o nó que sem querer fazemos. O meu é o de sempre: carência. O dele: a surpresa da vida. Eu não vejo problema algum em falar que posso ficar chateada ao não encontrar alguém que seja legal, que me faça ficar sem ter o que dizer ou que me faça desviar o olhar por não conseguir sustentar um olhar por tanto tempo.  Isso não acontece muito. Há muito tempo. Em tempos de aplicativos e internet móvel... As pessoas não te olham. Não te enxergam. Com tantas garotas em um aplicativo como cardápio, é normal. 

Alguns perdem a forma que jogo o cabelo ou quando olho para o chão e miro nos olhos de um alguém. Isso não funciona mais. Porque estão dando like nas minhas fotos em um aplicativo qualquer em vez de ver como molho os lábios quando fico nervosa perto de alguém interessante.  Encontramos uma amiga que iria tocar no bar e nos animamos. Pedi uma caipirinha e o meu amigo falou “hoje tem heteros, dá para você paquerar”. Não, não dava. Estavam olhando o celular, tirando fotos, com namorada... E o único olhar que encontrei foi o do vocalista.

Déjà vu? É, eu também tive ao lembrar o texto Franja Solta... Mas dessa vez eu não estava desesperada e bêbada. Uma voz rouca me fez olhar novamente para ele e pensei “eu tenho que tirar uma lição dessa noite”. Ele não é do tipo galã, mas eu não posso escolher e muito menos fazer coleção de modelos da Calvin Klein. E então ele começou a cantar. Ele não sabe, mas eu não estava paquerando. Eu estava me agarrando a uma música que nunca tive na playlist. Ele cantava “Ela Vai Voltar” do Charlie Brow Jr.

“Ela tem força, ela tem sensibilidade, ela é guerreira, ela é uma deusa. Ela é mulher de verdade.” E eu me vi.  Vi-me na música, cada linha. É antiga, mas ela nunca me tocou fortemente. Eu aceitei que sim, sim eu sou forte, sensível, guerreira e como não dizer uma deusa? Eu não me entrego de primeira e você gosta de primeira. E então o “mas ela vai voltar, ela vai voltar”...

Sim, eu voltarei. Eu voltarei de cada medo criado, de cada erro feito e de cada tempo perdido. Ela – eu- vai voltar. 

25 janeiro 2015

Eu te enfeito de elogios

- Estávamos falando sobre você. Você é uma guerreira!

Eles te elogiam, apontam para o seu desenho, textos, livros, sorriso ou olhos. Apontam e falam “lindos”.  O elogio é para você, sim. E é como se estivéssemos assistindo uma cena da nossa série preferida ou filme. Somos telespectadores quando deveríamos ser os protagonistas.

A sensação do “não é comigo” acontece quando deixamos as críticas morarem e tomarem chá na nossa casa, sentadas na nossa sala e servindo-se livremente. Depois de tantas surras dadas pela vida, se conformar com a negatividade e o pessimismo são normais. É compreensível, mas continua sendo errado. O pessimismo é um bloqueio, é mais fácil aceitar algo que dê errado porque na sua mente sempre dará errado. Dói menos não ter expectativas. Nesse labirinto da negatividade... Acabamos nos perdendo da fé, da verdade, da bondade e da autoestima.  Ao ouvir um elogio, a mente faz o papel de antivírus e coloca em quarentena o “você é linda(o)”, “você escreve bem”, “você me faz bem”, “você é uma guerreira”. No final, a mente de um pessimista surrado distorce para “é, mentira. Eu não mereço elogios”.

O pessimismo parece um câncer que vai mutilando cada pensamento bom que você já teve. E quanto mais demora, a saber, o diagnóstico, maior é a perda de sentimentos bons, das alegrias, da tão linda esperança.  Normalmente, alguém tem que sentar na sua frente, olhando nos seus olhos e dizer pausadamente “PARE DE NEGAR. PARE DE ACHAR QUE NÃO PODE. PARE DE DESEJAR E DESISTIR POR MEDO”. Não é fácil refletir sobre a distorção que a mente de um pessimista faz das palavras ditas e ele não faz de propósito! Não percebe porque o bloqueio é consigo, é de fora pra dentro, é o “eu não mereço. EU não mereço” que foi imposto em algum momento para ele e que foi inalado. O mais complicado é quando comprometemos outras pessoas, tomando decisões negativas que afetam um grupo, uma família, uma história. Quando vai ver... Já disse “não”, já foi embora da festa antes do show começar, já excluiu o texto sem mostrá-lo, já virou o rosto para não receber o beijo, calou-se diante da pergunta pensando na réplica. Quando vai ver... Não há mais cores, música, amigos e paz. Parou no mal-me-quer. Parou no “não posso”, “não vou conseguir”.

Há duas soluções para que a negatividade não deixe tantas feridas ou jogue a âncora no mar da sua alma: fazer do elogio um hábito como escovar os dentes e aceitá-los. Os elogios não são dados de graça, muitas vezes são regrados. Quando dados, eles são verdadeiros e espontâneos. Você os mereceu.


Enfeitar pessoas de elogios faz bem, para quem recebe e para quem dá. É simples, não paga, não magoa e te dará frutos... Mesmo sendo um “obrigado”. 

23 janeiro 2015

Insinuação

- Pode ser chamada de indireta também. Vocês vivem para fazer isso.

As redes socias facilitaram vidas  e também a demonstração de rancor e descontentamento.  Uma pena! Mal sabem as pessoas que praticam o ato de enviar indiretas, que em sua maioria, não dá certo.  A mensagem não chega e se chegar ela se perde no vácuo  do nosso “ih, tem alguém precisando de sexo e dinheiro”.

Posso adiantar que as indiretas são palavras organizadas em uma frase para atingir ou aconselhar alguém. E posso adiantar também que são usadas, em sua maioria, para fazer alguém se sentir mal. Ah, esqueci de dizer que também são usadas por pessoas que não sabem utilizar o tempo sobrando e que temem o risco de perder uma “ vida pacifica”, mas vivem salivando veneno. Eu pareço atingida por um meteoro da indiretas? Não. Estou só refletindo que o tempo que você perde falando sobre alguém que nem vai aparecer no seu velório poderia ser aproveitado com coisas importantes.

A vida é esse “joga indireta na esquerda, direita, acima ou baixo”. Observo tanto , ao ponto de ficar analisando se a pessoa está bem ou se ela precisa de ajuda profissional... A terapia é uma ótima indicação! te ajuda a ter mais confiança em si e autoestima. Porque soltar frases aleatórias e carregadas de alfinetadas pela internet  só pode ser coisa de: gente triste, magoda, cremada e assoprada pelo vento. Vem cá, senta aqui, vamos conversar... A pessoa te magoou? Foi cretina? Te traiu? É a sua piada interna? Por qual motivo você não manda uma mensagem explicando como se sente ou marcando um encontro para falar olhando nos olhos? O mundo não precisa saber, o mundo não quer saber, o mundo não se importa. É preciso ter cuidado com o que se fala/digita, palavras podem mostrar a sua verdadeira face e ela pode não ser bonita, simpática, interessante.


E é aí que começa a sua cruzada pelo Vale da Solidão, porque piadinhas, indiretas, deboche afastam pessoas. E não é possível viver sozinho porque somos humanos e temos sentimentos. Abre a Barsa e vai estudar para um concurso, jogar The Sims3, ler, trabalhar, rir com os amigos sentados no chão de alguma Orla e ouvir a risada gostosa deles. Vá viver, não pare em miudezas porque o mundo é grande e eu gostaria muito de dar uma grande mordida nele. Você também deveria. 

17 janeiro 2015

A Sexualidade

- Ele é gay?
- Ele ainda não sabe.
- Eu acho que ele sabe.

O que será dito aqui parte de mim, da garota Calincka Crateús. A que escreve para aliviar o peso do mundo que carrega nas costas. Agora, eu sei que o que mais oprime um adolescente ou jovem é a luta contra a própria sexualidade.

A luta contra a sociedade que trata o fato como doença parece não incomodar mais, pois alguns têm a sorte de ter o amor e apoio dos pais. E quando temos pais do nosso lado... Não há 300 espartanos que saiam ilesos. O que observo constantemente é a luta de ser o que não é, o medo de assumir a sexualidade, o medo de gostar, o medo da família, de que não terá sucesso na carreira que escolheu por ser gay ou lésbica.

É uma luta sangrenta, vejo pessoas tristes com relacionamentos forçados para provar que não é e que não quer ser. Vejo pessoas abrindo mão da própria felicidade para seguir e sentir-se “normal” como a sociedade quer. Amar alguém do próprio sexo não é anormal, não é doença, não é desvio de caráter, não é feio e muito menos errado.  É amor. E o que o mundo precisa é de amor. Não fui criada por painho  (meu maior orgulho e minha referência máxima do que é SER um pai) para “ser menina”. Erraram a ultrassom. Minha mãe passou nove meses achando que era um menino e preparando o enxoval com verde e azul. Eu nasci, a minha pediatra (até hoje mainha liga para ela quando há algo de errado comigo) falou “mãe, erramos. Temos uma menina aqui. E ela não está chorando”. Além de ser uma menina, minha mãe teve que esperar por cinco minutos para que eu chorasse. Ela prendeu a respiração. Eu chorei.

Aos quatro anos de idade eu escolhi as Barbies, aos nove anos eu queria meu material escolar todo trabalhado no rosa.  Aos doze anos eu descobri que eu “amava” um garoto. E até hoje... Eu amo os garotos. E em momento algum meu pai exigiu de mim uma atitude feminina ou masculina. Como sei? Aos treze anos de idade ele fez um estilingue para mim e nós saíamos pela roça dele para matar passarinho (DESCULPA DEUS, MAS ALGUÉM TINHA QUE MORRER E NÃO IRIA SER EU OU MEU PAI). Era o nosso “angry birds”.  Jogávamos dominó e um dia, depois de eu tanto implorar, ele me levou para jogar a rede no rio. Para quem não sabe é uma rede de nylon para pegar peixes. E ele jogava de noite para buscar pela tarde do outro dia. Era perigoso para mim, na mente dele, porque eu era uma pré-adolescente. E mal sabe ele que eu queria ir para protegê-lo.

O mundo mudou e está mudando aos pouco, mas estamos quase lá. Leitor, eu nasci menina e tornei-me mulher. Ninguém me ensinou que eu deveria ser mulher e gostar de meninos.  Eu já sabia e nunca tive dúvida disso. Às vezes penso que os homens heteros são corajosos porque mulher complica tudo. Eu complico. Complicada & Perfeitinha.  Sou feliz por não ter dúvidas sobre a minha sexualidade e sou feliz mais ainda quando minha mãe tenta arranjar um namorado para o meu amigo. SIM, ELA ARRANJA NAMORADOS PARA A CIRANDA DE VIADOS E NÃO ARRANJA PARA MIM.  Queria que ela voltasse duas casas no jogo da vida por essa maldade de me deixar nas garras desse amor gostoso.


Não lute contra o que você quer e é. Você não irá para o inferno por amar PORQUE O INFERNO É AQUI, NA TERRA (E COM ESSE CALOR EU NEM PRECISO DIZER QUE TENHO RAZÃO).  Ame a si e quem você quiser, não fique segurando essa barra que é gostar de olhar o colega malhando na academia.  

14 janeiro 2015

Não Me Arrependo

- Os caminhos certos podem ser os mais errados e é por isso que escolhi fazer o meu próprio caminho.

Está quente e o sol incomoda a sua pele, sua visão e quando olha ao redor em busca de sombra... O céu fica nublado.  As primeiras gotas caem em sua blusa, você coloca a garrafa com água que estava segurando dentro da bolsa, desliga o celular e o guarda também. As gotas agora não são ternas, nem brandas, são furiosas.  E você não se arrepende por ter saído de casa. Eu não me arrependeria.

É mais fácil pensar no que se arrepende de ter feito ou dito? Já fez uma lista? Se culpa por algo? Faça a lista sobre o que não se arrepende e não se culpe. É possível pensar que poderia ter feito ou dito algo de outra forma, mas isso mudaria as rotas, os caminhos, as trilhas, o mapa da sua vida. Em algum momento você tem que admitir que errar lhe fez experiente, que falar demais o(a) fez escutar mais, que andar com as pessoas “erradas” o(a) ensinou a escolher melhor em quem confiar e manter por perto. Pense bem.  Você não se arrepende, não mais. Escolhas são feitas a cada segundo, certas ou erradas, sim ou não, esquerda ou direita, correr ou ficar, amar ou se afastar.

Escolhas são as únicas coisas que temos controle. Sim, o resultado delas “fica por conta da casa”, de Deus, do universo, do destino... Em quem e no que você acreditar, mas tenha a certeza que elas nos ensinam, nos tornam forte o suficiente para ajudar outras pessoas. Eu poderia estar apresentando o meu Trabalho de Conclusão de Curso essa semana, mas eu escolhi amar. E não me arrependo. Sei que a cada momento somos testados, que o mundo como está não ajuda, que o próprio ser humano não ajuda. Há A Corrente do Bem está passando de mim para você nesse momento.  Sim, você lembra do filme.  Quantas pessoas podemos ajudar fazendo com que elas façam o mesmo?  Infinitas.

Como diz Herbert Vianna “há dias de prazer e dias ruins. Já não sou mais como era antes...”, e ao perceber que não era um dia de prazer... Escolhi respeitar meu choro, meu próprio abraço e essa escolha me fez voltar aliviada e forte como alguém que guarda olhares determinados. Recebi uma notícia boa. Eu ajudei alguém. A mãe pediu para me agradecer e eu não sabia se era real porque fui do chão ao céu em questão de segundos. Fui útil. Importante.

Quando percebemos que somos donos do nó no laço, das escolhas e que podemos ser úteis... Não há tristeza que persista. Sai até no banho. Ajude alguém e verá.       

12 janeiro 2015

Mundos e chances

- Eu não sei.
- Você costumava saber e não tinha medo.

Podemos mudar e salvar o mundo e a vida de alguém em segundos. Com gestos, palavras, olhares, “sim” e “não”. Podemos incentivar a lutar, sangrar para que alguém nunca desista de algo que tanto deseja. E que nós não esquecemos as nossas lutas diárias.  A CADA SEGUNDO, EM ALGUM LUGAR DO MUNDO, HÁ ALGUÉM DANDO UMA CHANCE PARA SI OU PARA OUTRA PESSOA.

Os mundos são muitos, são criteriosos, preconceituosos, mas ninguém está aqui para passear. Ninguém está aqui para assistir, temos um propósito, temos mãos para escrever e içar alguém que precise. Seus mundos são diferentes? Você acha que não se encaixa? Acha que desistir é a melhor escolha? Não. Faça uma tatuagem na testa, mas não desista. Não desistir deveria ser lei! Deveria ser disciplina nas escolas... Porque a gente só desiste para a morte, TUDO, TUDO QUE RESPIRA NÃO PODE SER DEIXADO PARA TRÁS COMO GUARDANAPO SUJO. As pessoas e os sonhos não são guardanapos. São brilhantes e ninguém deixa brilhantes no lavabo. Faça deles, pessoas e sonhos, um brilhante.

Há pessoas pedindo socorro em silêncio, eu as escuto e por presenciar que não são ajudadas, eu grito por elas e por mim.  Eu não desisto. Não, EU TENTEI ENCERRAR TUDO UMA VEZ. Eu já desisti mas fui salva de lugares escuros. E não ousarei tentar novamente e não me vejo mais levantando a bandeira branca... Você também não. Vai lá. Vai sem experiência, vai com medo, vai sorrindo , chorando, tremendo de frio, MAS VAI! O máximo que você pode perder são apenas gotas salgadas e cristalinas dos olhos.

Não leitor, eu não escrevo para você que desiste. VOCÊ TEM POTENCIAL. VOCÊ AMA. VOCÊ QUER... Eu não preciso te dar um livro de “autoajuda”.


Conquistar também não é obrigar, mandar, ter a qualquer custo. Conquistar é não renunciar, é espera, é esperança, é cruzar os dedos e deixar o universo fazer o trabalho dele. E pedir ajuda, quando preciso, não é humilhante. É um gesto corajoso! Você coloca todas as facas na mesa, se desarma e diz “não desiste”. Pedir é lindo, é singelo, é poderoso. E quando a gente quer... O mundo pode estar rodando ao favor só do ar, mas a gente consegue. E as chances foram criadas para serem usadas! Use. 

08 janeiro 2015

Mães

- Mainha, essa roupa ficou boa?
- Ei, você está linda!

Altas, baixas, magras, gordas, adolescentes, adultas, idosas, bonitas, normais e fascinantes, lutadoras, trabalhadoras e mães.  Quando observamos uma mãe, em seu todo e tudo, é perceptível o quanto se perde ao ignorá-las, ao ofendê-las, machucar com palavras ditas em momentos de raiva e fazer algo que elas pediram para não fazer por “pura intuição”.

A verdade é que as mães ganham poderes inexplicáveis ao conceber a vida. Sim, tornam-se intuitivas, protetoras, mais humanas, crescem a cada dia desde o momento em que seguraram pela primeira vez você nos braços. O cordão umbilical ainda existe, ele foi cortado apenas fisicamente e permanece invisível aos olhos de outros. Sua mãe é tudo o que você tem e terá. E a entenderá quando segurar o seu mundo, pela primeira vez, nos braços. A mãe verdadeira não é aquela que abandona um recém nascido em sacolas ou latas de lixo. A mãe de verdade ama você no seu melhor e no pior também. Ela continua de pé a cada flagelação da vida. A cada corte, cada soco e ossos quebrados.  Ela fica de pé por sua causa, por minha causa.  E se alguém te derrubar... Mesmo com nariz sangrando e mãos cortadas, ela vai te erguer.

Algumas perderam filhos e continuam pelos os outros que ficaram. Fazem tudo no automático, mas se você parar e perceber... Verá que há a comida que você gosta na geladeira, a blusa que você jogou no chão do quarto dobrada em cima da cama, um recado na porta do seu quarto para você não se esquecer de desligar os eletrônicos ao sair e dinheiro caso você precise. As mães nunca dormem de verdade e nunca, nunca desligam o celular.  Elas vagam pela casa preocupadas até o filho chegar de uma festa, e se o filho chegar mais bêbado que assíduos em festa Open Bar... Elas banham e o coloca para dormir.  Algumas perdem a identidade e vivem somente para o ser que saiu dela, essas são as mães mais tristes e as mais corajosas porque se anulam. Por amor. Outras mães não se anulam, são divertidas e sentem-se adolescentes ao lado dos filhos.

As mães também podem errar e ser conduzidas pelos filhos até o que é “certo”. Lembrar que as mães foram criadas em uma época diferente, longe da tecnologia, da liberdade de expressão, do casamento por amor, das campanhas contra homofobia é muito importante atentar-se a isso. Porque mães também sonham, sonham alto e querem os filhos no topo do mundo. Muitas vezes não é o que queremos e aí acontece a mágoa familiar e interna, mas mãe é mãe. Cabe a nós fazê-las entender o que nos faz feliz.

Ensine a sua mãe a não se culpar por cada erro seu, pois a cada choro com soluços que elas presenciam dos filhos é como se tivessem elas mesmas causado todo o sofrimento (na mente delas). Elas tomam nossas dores, nossas raivas, odeiam o que a gente odeia, ama o que a gente ama e se preocupam com o que nos preocupamos. Mães são anjos na terra, que podemos ver, crer e abraçar.


Elas prevêem quando algo está errado e te imploram para não sair. Elas seguem seus passos mesmo que você esteja do outro lado do mundo e o seu nome nunca é esquecido em suas orações, mesmo depois da morte. Você existe e sempre existirá para a sua mãe. O cordão umbilical estará sempre lá, intocado, firme, invisível, eterno.

05 janeiro 2015

Término, vinho e música

- Cadê a minha faixa de Rainha do Drama?

Costumo dizer que o blog nasceu do término de um relacionamento. É 50% VERDADE PORQUE A OUTRA METADE FOI POR CAUSA DE DOIS AMIGOS FAZENDO UMA INTERVENÇÃO. Como assim? Bem, um relacionamento de três anos me fez cair no fundo do poço e como eu tenho muito cabelo até me senti Samara de O CHAMADO. Na época eu queria muito receber uma ligação onde alguém dizia que eu iria morrer em sete dias...

Você conhece o tempo?  Segundo um amigo, o tempo é imensurável.  Para mim, o tempo para terminar algo é mais lento e para você pode ser mais rápido. Não entrarei nos detalhes da física quântica porque SOU DE HUMANAS, mas quero que entendam o fato de que sinto demais. As coisas me atingem de forma inexplicável, é como se eu fosse sensível a todo tipo de informação. E isso é verdade. Perco noites pensando em problemas que não são meus, como por exemplo: quem vai ajudar aquela ex amiga que anda se autodestruindo? Isso não é mais problema meu, mas sou humana, sensível e dou a cara para bater.  Calma, ando dormindo bem e não me ocupo mais com o drama alheio, foi apenas um exemplo...

Há mais de um ano que o meu relacionamento acabou. Sou tão grata por ter o conhecido, mas relacionamentos acabam a cada instante por “N” motivos. O meu foi à distância, e como eu sou de humanas e ele é de exatas... Ele mediu a distância que eu levava para chegar até ele e viu que não estávamos mais felizes com tanta espera e fronteiras.  Foi uma história linda, encantada e terna.  Mas caminhamos para estradas contrárias e a cada momento ficávamos mais distante um do outro. Hoje, estou madura o suficiente para contar como fiquei ao perceber que estava acabando e como o drama é uma das minhas características...  SE VOCÊ JÁ SURTOU, QUERO QUE SAIBA QUE NÃO ESTÁ SOZINHO LEITOR!

Eu posso começar dizendo que fui me despedir e quando voltei me senti um Kamikaze. Tranquei matérias na faculdade, me tranquei no quarto e... DORMIA NO CHÃO AO LADO DA MINHA CAMA. Sim. Fiz playlist com músicas de término e dançava ao som delas. As preferidas: Someone Like You de Adele, Don’t Speak da banda No Doubt e WHITE FLAG de Dido. Nossa, eu fazia a festa dentro do quarto cantando essas músicas (sou péssima em inglês e escolhi espanhol no ensino médio).  Segurando um vinho barato, eu passava 24 horas vestida em uma blusa do Led Zeppelin que era do ex. SEM TOMAR BANHO E SEM MANTER CONTATO COM A TERRA.  Senti-me no filme PS. EU TE AMO, PORQUE EU FICAVA DIAS SEM COMER, SEM TOMAR BANHO, SEM ABRIR A PORTA E ATENDER LIGAÇÕES. Como Holly, a protagonista.  A diferença é que eu não recebia cartas para me guiar até ficar bem. Recebi algo melhor: amigos.

Estava no fundo do poço (na minha mente, e com Samara), deixando minha mãe louca porque eu me trancava.  “VOU ARROMBAR A PORTA” “A SENHORA PODERIA SE TELETRANSPORTAR PARA OUTRO PLANETA E ME DEIXAR OUVINDO ADELE? EU AGRADECERIA!”. E aí ela se teletransportava? Não. Ela chamava os vizinhos, a família e um policial que é meu vizinho. Sim, minha mãe é dessas e o drama é e família. O policial batia na porta do meu quarto e dizia “Calincka, eu não vim te prender. É fulano. Só quero conversar... Você tem quantas garrafas de vinho aí?” e eu chateada com Deus e o universo respondia “Eu tenho 3 garrafas de vinho, não estou dirigindo e você precisa de mandado para entrar no meu quarto ou arrombar”.  Até hoje, com gargalhadas, ele pergunta se ele pode ir atrás de um mandado. Virei piada. Mas eu sou. Não tem pra onde correr.  Quando as aulas voltaram eu disfarcei maravilhosamente bem, mas aí minha mãe arranjou escolta para me levar até a faculdade porque eu teria que: atravessar o Rio São Francisco ou ir pela ponte... E a vontade de se jogar não era pouca. PASSEI SEIS MESES SOFRENDO E CAUSANDO (longe de olhares, claro. Porque a sanidade iria voltar...). E aí, o tempo foi acalentando, guardando os bons momentos e feliz por saber que passou, que sou madura e que tenho um blog que é lido até em OUTROS PAÍSES.  E estou rindo, hoje, do papelão que fiz. 


Agora? “O mundo vai acabar e ela só quer dançar, dançar, dançar. Pneus de carros cantam!”

04 janeiro 2015

A oração “Eu te desculpo”

- Por tudo.

Eu te desculpo por não estar presente quando precisei. Desculpe-me por isso também. Eu te desculpo por não agir como eu esperava E PRECISAVA. Você só foi você.  Eu te desculpo pelas palavras ditas e as ocultadas.

Desculpo-te por me fazer acreditar em algo. Desculpo-te por ter partido, mentido, tornado invisível e negligenciar carinho.  Desculpo-te pelas brigas, desculpe-me pelas cobranças. Proteja-se. Siga. Não fique. Não olhe pra mim porque eu te desculpo. Eu te desculpo por você ser racional, realista e fraco. Desculpe-me por ser fraca. Eu fui. No passado. Eu te desculpo por sorrir para outras pessoas e guardar o mau humor para mim. Desculpe-me por ter guardado a tristeza para você.

Eu te desculpo por todos os planos que adiei, te desculpo porque me anulei, e hoje vejo que algumas palavras até rimam. Anulei. Amei. Cansei. É. Cansei de colocar a culpa em algo que não respira, mas querido eu te desculpo e me desculpo. A culpa foi nossa. Foi. Já foi e não é mais.  Perdoa-me por ser humana, emocional e por tornar qualquer coisa em um grande espetáculo enquanto você não entrava na cena esperada. A cena em que você não desistia. De nós. De mim. Dos Planos. Eu te desculpo por isso.

Perdoa-me, mas eu desatei o nó. O nós. Naufraguei, voltei sem água no pulmão, sem frio. Eu voltei pra mim mesma. E eu nem sabia que o “mim” existia. Estranho para uma índia, né? Eu voltei porque cansei de tossir para preencher o silêncio que você deixou. Tossir me consumiu. DESCULPE-ME. Eu não vou ficar. Pode ir também. Vá. Não olhe pra mim. Estarei olhando para a estrada. A minha estrada.


Você não consegue dizer “eu te amo” e eu não vou ficar. 

02 janeiro 2015

Uma virada, uma parede, uma Calincka

- Moça, você vai usar o vaso sanitário?

Eu passei a virada do ano na casa de um tio e eu prometi que o meu corpo teria álcool suficiente para ser o BEST fim de ano. Promessa cumprida! Bebi cerveja, vinho e espumante barata. Um amigo foi me buscar na casa da minha família e fomos buscar outra amiga que já estava dentro da piscina fazendo a festa.

Fomos para frente de um clube social e com minha cara de madeira perguntei se meu nome estava na lista VIP AO SEGURANÇA. “MOÇO, MAS EU SOU ESCRITORA...”.  Arrasada sem o nome na lista (eu nem sei se havia uma lista) partimos para outra festa. Ao chegar lá lembro que estava quase me mijando e fui ao banheiro. Tinha um cara no corredor do banheiro esperando a namorada e ao entrar a tal namorada do bendito cara estava na minha frente. Eu estava mais apertada que calça 34 em gente que veste 46. "Você vai usar ou está esperando alguém?" "Vou usar". Minha ideia para ser a próxima a usar o vaso sanitário foi: Pedir PELAMOR DE DEUS? Não.  Virei para a menina e disse "QUERO BEIJAR VOCÊ". Ela saiu do banheiro desesperada e assim fiz xixi em paz. Agora se ela fosse lésbica e o cara fosse o amigo gay dela eu estava lascada. 

E então o show começou. O show na minha mente. Teve Pink, Shakira, Kings Of Leon e eu dancei como se não houvesse amanhã. O problema é que o show estava acontecendo só na minha mente. Eu tenho Alzheimer alcoólico. E segundo a CIRANDA DE VIADOS... EU ESTAVA APARENTEMENTE LOUCA. Dancei com a parede várias vezes, dancei com o vento e a galáxia. Além de fazer cancan com a saia longa que estava vestida. Voltei para a terra quando uma menina chegou perto de mim e disse que tinha outra menina me esperando no banheiro. Eu fui ao banheiro? Nunca nessa vida.

Na hora de ir embora eu não conseguia nem colocar o cinto de segurança do carro. Eu tinha-me teletransportado para um universo paralelo onde eu parecia estar em um dos Shows do Rock in Rio da virada. A decepção veio com os relatos sobre tudo o que fiz. SÓ BARBARIDADES (engraçadas, claro). E eu ri tanto que... Se eu usasse chapa ela teria saído da minha boca. O melhor era as imitações da minha pessoa dançando com a parede e as tentativas de colocar o cinto. E O PIOR: era só música eletrônica e eu jurava que TINHA RIHANNA E TODAS AS DIVAS QUE VOCÊS QUEREM COPIAR!


Bem, como eu não lembro... NUNCA ACONTECEU!