25 janeiro 2015

Eu te enfeito de elogios

- Estávamos falando sobre você. Você é uma guerreira!

Eles te elogiam, apontam para o seu desenho, textos, livros, sorriso ou olhos. Apontam e falam “lindos”.  O elogio é para você, sim. E é como se estivéssemos assistindo uma cena da nossa série preferida ou filme. Somos telespectadores quando deveríamos ser os protagonistas.

A sensação do “não é comigo” acontece quando deixamos as críticas morarem e tomarem chá na nossa casa, sentadas na nossa sala e servindo-se livremente. Depois de tantas surras dadas pela vida, se conformar com a negatividade e o pessimismo são normais. É compreensível, mas continua sendo errado. O pessimismo é um bloqueio, é mais fácil aceitar algo que dê errado porque na sua mente sempre dará errado. Dói menos não ter expectativas. Nesse labirinto da negatividade... Acabamos nos perdendo da fé, da verdade, da bondade e da autoestima.  Ao ouvir um elogio, a mente faz o papel de antivírus e coloca em quarentena o “você é linda(o)”, “você escreve bem”, “você me faz bem”, “você é uma guerreira”. No final, a mente de um pessimista surrado distorce para “é, mentira. Eu não mereço elogios”.

O pessimismo parece um câncer que vai mutilando cada pensamento bom que você já teve. E quanto mais demora, a saber, o diagnóstico, maior é a perda de sentimentos bons, das alegrias, da tão linda esperança.  Normalmente, alguém tem que sentar na sua frente, olhando nos seus olhos e dizer pausadamente “PARE DE NEGAR. PARE DE ACHAR QUE NÃO PODE. PARE DE DESEJAR E DESISTIR POR MEDO”. Não é fácil refletir sobre a distorção que a mente de um pessimista faz das palavras ditas e ele não faz de propósito! Não percebe porque o bloqueio é consigo, é de fora pra dentro, é o “eu não mereço. EU não mereço” que foi imposto em algum momento para ele e que foi inalado. O mais complicado é quando comprometemos outras pessoas, tomando decisões negativas que afetam um grupo, uma família, uma história. Quando vai ver... Já disse “não”, já foi embora da festa antes do show começar, já excluiu o texto sem mostrá-lo, já virou o rosto para não receber o beijo, calou-se diante da pergunta pensando na réplica. Quando vai ver... Não há mais cores, música, amigos e paz. Parou no mal-me-quer. Parou no “não posso”, “não vou conseguir”.

Há duas soluções para que a negatividade não deixe tantas feridas ou jogue a âncora no mar da sua alma: fazer do elogio um hábito como escovar os dentes e aceitá-los. Os elogios não são dados de graça, muitas vezes são regrados. Quando dados, eles são verdadeiros e espontâneos. Você os mereceu.


Enfeitar pessoas de elogios faz bem, para quem recebe e para quem dá. É simples, não paga, não magoa e te dará frutos... Mesmo sendo um “obrigado”. 

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