- É a última que morre?
- Não, ela não morre. Ela se conforma e
segue.
Você
pode esperar dias, meses, anos... Você pode criar na sua mente um mundo em que
tudo pode ser como antes, mas você estará enganado. Você, leitor, deve se
preparar para o pior porque diante do melhor sabemos como agir: nós sorrimos.
Eu
não sei qual é o seu “pior” no momento, mas saiba que o mundo tem 7 bilhões de
pessoas que estão lidando com algo difícil. O seu, o meu, o nosso problema não é maior e
nem pequeno perto de outras dores, situações... Eu fui ao psiquiatra (sim, porque
o meu psicólogo não ajudava. Dormia mais do que ouvia e falava mais do que eu
podia entender) perguntar e pedir uma resposta... Sobre como recebo e vejo o
mundo. E no final eu pedi desculpas a ele porque sabia que havia pessoas com problemas
maiores. Ele tirou os óculos sentou ao meu lado e disse “você não deve medir
problemas, o seu tem importância. E eu vejo que você recebe e sente tudo em uma
proporção maior. Você multiplica. Isso é bonito por que... Se você escreve, as
palavras saem com mais intensidade. E é claro, é seu direito sentir”.
Eu
já estava chorando, mas perguntei sobre a esperança. Ele franziu a testa, e de
volta ao seu lugar me encarou como se eu tivesse feito uma pergunta indelicada.
“Ninguém vem aqui acreditando na esperança, quem me procura acredita em
soluções. Eu gostaria de dizer a você para ter esperança, mas se algo desse
errado... Você nunca mais acreditaria em algo, como agora. Você não acredita em
si. Acredita no que os outros dizem que você é. Isso é errado, Calincka. E
aquela frase clichê de que a esperança é a última que morre... Ela não morre
porque ela é você. E ela só morre se você morrer, entende? Olho para você, e
vejo que você é forte. Com cicatrizes, mas é forte. Perdeu uma irmã, tudo o que
queria dentro de dois anos, é a base dos seus pais e entrou na minha sala como
uma tempestade. Assim que você começou a falar eu iria te indicar mais um
psicólogo, mas você mente para eles. Sua mãe ligou. E você não vai desistir,
não comigo”.
Eu
não sabia se agradecia pela paz que instalou ou se chorava porque guardei esse
momento para braços diferentes. Eu também não sabia que era normal sentir tudo
duplicado. Senti-me como Bella de Crepúsculo
quando vira vampira e consegue sentir o mundo triplicado (sim, eu tinha a saga
e os filmes... E um pôster de Edward Cullen) e não me julguem porque vocês
assistiam RBD.
A
VIDA É ESSA RODA GIGANTE: em um minuto estamos no alto e depois embaixo. Eu sou
grata por ter a consciência de que sempre me preparo para o pior e depois sigo.
Não
vai te dar urticária desabafar com um profissional que não te conhece e nem te
julga. É libertador, é o chiclete pregado no cabelo sem ter que corta a mecha,
é esse eterno “há oportunidades e esperanças” ou “vai menina, que se você
cair... do chão não passa”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário