- Ei
coisinha, vá devagar. DE VA GAR. Vou me segurar aqui...
Rainha
do proletariado que se preze pega o famoso busão (ônibus para quem é rico e não
entende as gírias da classe C), mas quando está quase na hora de chegar ao
trabalho, reunião, faculdade ou encontro marcado pelo Tinder e nem sinal de fogo do transporte criado pelo mal (Deus
criou a roda e o Diabo pegou quatro delas e fez o ônibus)... Recorremos ao Moto
Táxi.
Sou
muito grata por existirem e por aparecerem sempre que preciso, mas não posso
deixar de reclamar de alguns pontos que você, leitor, também se identificará. O
mototaxista gosta de conversar, perguntar o nome, contar que não colocaram dois
tipos de carne na marmita, contar que a sogra o mandou comprar calcinha para
ela e que achou mais parecido com um short do que com uma calcinha. Ao terminar
a viagem você sabe toda a história do simples trabalhador. Algumas vezes eles
contam e eu não escuto porque o vento não deixa e... OBRIGADA VENTO! Outro ápice
do constrangimento é: subir na moto. Eu sou baixinha e me sinto escalando um
morro. As pessoas vão passando olhando enquanto eu tento subir em uma moto que
parece um caminhão em questão de altura... E como se não bastasse... O
MOTOTAXISTA NÃO COOPERA!
Há
também a atuação. Sim, eu e os mototaxistas somos ótimos atores. Eu amo usar
short porque quanto ao calor Pernambuco não perdoa e muito menos Petrolina,
então uso como se não houvesse amanhã. E ao pegar o moto táxi... Eu tenho que
fingir que minhas coxas não estão coladas nas coxas de uma pessoa que tem cara
de quem tem um filho em cada Estado do Brasil (um pai de família que adora
beber pinga). E para piorar, porque quando uma pessoa se chama Calincka espere
porque sempre piora, tenho a impressão que eles passam voando só para as
mulheres escorregarem para frente colando mais ainda as nossas coxas. Eu tento
fazer cara de paisagem e não posso pedir “EI COISINHA, VÁ DEVAGAR” porque
cheguei cedo ao mundo e atrasada nos compromissos da vida.
E
então certa vez a menina Calincka pegou um mototaxista bêbado. E a menina só
percebeu depois que estava vendo a paisagem como um borrão, o semáforo não o
para e as lombadas nem existia para ele. Eu não sabia se me segurava, se
segurava os peitos ou se rezava. No momento eu não conseguia fazer tudo ao
mesmo tempo e optei por rezar “DEUS NÃO ME DEIXA DEITAR NA BR, POR FAVOR”. Eu
que não sou baú e preciso resolver umas coisa antes de morrer (vender planta na
feira) perguntei se ele estava bêbado. E sim Brasil, ele arrotou e disse que
era o cheiro da gasolina. ELE BEBE GASOLINA, LEITOR! Ao chegar em casa (VIVA.
VIVINHA DA SILVA), mais nervosa que gato em dia de banho, eu anotei número do
colete dele e dei a mainha. E agora só ando com um moto táxi conhecido da
família para evitar problemas como: MORRER DEITADA NA BR.
E a aventura em cima de uma
moto com um bêbado é assim.
Só que eu fico DESMAIADA.
Querida Calincka ( a propósito, o seu nome chamou a minha atenção na page ''Compromisso Nunca Mais'' =P ), há anos atrás eu fui mototáxi, vivenciei histórias parecidas a sua e compreendo o que você tenha passado. Tenho que concordar em gênero, número e grau com o seu relato. Gostei da sua página. Irei favoritá-la.
ResponderExcluirBoa sorte nessa sua caminhada e continue com os textos. Inté :)