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Para onde você vai?
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Sair da minha rotina.
Ei,
o que você tem feito? Tem sentido a brisa no rosto? Tem cheirado livros novos?
Estourado plástico-bolhas? Tem andado descalço? O que tem feito além de sabotar
a sua felicidade? Mergulhou de cabeça na rotina? Posso pegar um bote e ir ao
seu encontro e te içar leitor? Vamos, nade e olhe a procura de uma ilha, da sua
ilha. Desenhe seu nome na terra, esqueça os compromissos e lembre-se de você.
Vá para o seu paraíso.
É
fácil viver sem tempo para fazer o que gostamos. Somos escravos dos segundos,
minutos, horas... O tempo é carrasco, maltrata, sufoca e consegue, aos poucos,
destruir os sonhos de quem quer fazer a própria rotina, escrever a própria
história e o próprio roteiro de viagem sem precisar pedir permissão ao tempo. A má notícia é que é muito fácil pedir que
você saia da rotina, sem mencionar que custará dinheiro para deitar na grama,
escrever uma carta e mandar para um desconhecido palavras de motivação, abrir a
porta da gaiola e deixar o passarinho do vizinho fugir (sim e continuarei
disfarçando, lamentando a perda do Sabiá), sentar no chão gelado dispensando a
cadeira na casa dos amigos, escrever sem obrigação, mandar um “eu te amo” sem
esperar respostas, correr atrás do moço do algodão-doce, dormir sem rivotril, sorrir para alguém ao passar
por ele e deixá-lo pensar que foi uma paquera, sair sem maquiagem, ler algo
erótico em vez de Paulo Coelho, abraçar um amigo por cinco minutos e se ele
chorar... acompanha-lo.
Sim
Renato Russo, somos tão jovens... Mas não temos todo tempo do mundo. O que
fazer Renato? O que fazer ao ouvir Tempo Perdido e perceber que foi tempo
perdido viver como um escravo contemporâneo? A minha salvação é o sorriso, é
fazer algo que me faça rir com você! É parar alguém na rua e pedir permissão
para abraçá-lo (e se for gato, pedir permissão para adicioná-lo no facebook, no
Whatasapp, seguir no Instagram, seguir na rua...). A reação do pedido do abraço
pode ser surpreendente... Pode receber um sim, um não (o que é um ou dois nãos
perto de 130 milhões de sims de pessoas que me amam?), um “você vai me
roubar?”, um “pra quê?”, ou a pessoa passar direto. E é aí que está a graça.
Como? Você saiu da sua zona de conforto, da rotina de ignorar o mundo para
fazer algo bom por você e por outro alguém que possa ter perdido o emprego, os
pais, um amor... Você nunca saberá, mas
foi lá desarmado(a) oferecer um momento de ternura. Sair da rotina não é ficar
em casa mexendo na cutícula ou jogar GTA. É agir com bondade, porque isto está
raro, cada vez mais raro.
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