- Já
vai?
-
Já. Fiz o meu papel, entrei em sua vida e fiquei o quanto podia. Tenho que
arrancar sorrisos de outras pessoas.
Despedida.
Não procurei o significado no livro Barsa e muito menos na internet. A gente
nasce sabendo o que é chegar e partir, o que é abraçar e se conformar, receber
o último carinho, o último beijo e até tomar o café da manhã com alguém e horas
depois receber a notícia de que ela se foi. Não no sentido de ir ao mercado e
voltar minutos depois. Caro leitor, é o se foi que não volta nem anos ou
séculos depois.
Não
falarei sobre quem SE FOI de verdade. Estou aqui para te dizer que precisamos ir
porque a vida é feita de quem partiu em um trem, para outra cidade, Estado e
até deixando de ser quem era para tornar-se alguém melhor, fazer algo melhor (e
infelizmente tornar a nossa vida difícil como o sol de meio-dia derretendo a
base da Mary Kay na nossa cara). A vida clama por mudança. A vida é aquela
eterna tia que não te olha nos olhos e só quer saber se você fez algo produtivo
ao ponto de dar status e dinheiro. Todo mundo tem uma tia assim, um pai, uma
mãe ou até mesmo um namorado ou namorada.
Eu tenho me despedido discretamente de algumas pessoas, talvez elas
percebam, talvez nem se incomodem em perceber e eu nunca percebi o quanto se
desapegar é deliciosamente maravilhoso... Quase um orgasmo, só que bem melhor
porque a gente não precisa dar satisfação ou explicação... É só permitir que coisas,
pessoas e situações passem por nós sem que nos demoremos demais nelas. Sem seguir com os olhos até que elas desapareçam.
Muitas
vezes precisamos largar a mão de alguém para andar mais rápido, para não perder
o vôo que te levará para onde você deseja ir. Esse “se foi” é aquele momento
que selecionamos quem, em sincronia, anda ao nosso lado e lhe acompanha com
passos largos porque não quer ficar para trás. Está ali para no dia da queda te
levantar e no dia da vitória te parabenizar com orgulho. Você tem esse alguém,
todos possuem um alguém que não se foi e nem irá porque muitas vezes te puxa para
frente e vocês dois correm.
Pode
se despedir leitor, eu sei que um dia já pensamos que não conseguiríamos largar a mamadeira, choramos por ela ao pensar
que nunca mais teríamos a ilusão do seio da nossa mãe. O medo da perda, da
proteção. E aqui estamos, muitos independentes, longe dos pais, crescidos e com
opiniões formadas, com a resposta na língua, sem chorar e sem correr para os
braços da mãe (no meu caso é de mainha). A gente se despede da calça de
numeração 38 para vestir a de 40 (PIOR DESPEDIDA, SENHOR POR QUE FAZ ISSO? NÃO
BASTAVA SER POBRE... tem que vestir 40?), nos despedimos de amigos que foram
estudar fora, dos que passaram só uma temporada e de outros que passaram só um
dia. Tem a despedida de quem sentou ao nosso lado no avião, tem a despedida do
espanhol que te parou no aeroporto para pedir informação, a despedida da
bolacha que caiu com o recheio virado para o chão, A DESPEDIDA DA ACETONA QUE
VOCÊ DERRUBOU E FALTAVA TIRAR O ESMALTE DA MÃO DIREITA, tem a despedida da
série preferida (me abraça que suspirei fundo), a despedida de Bell Marques
comunicando que iria deixar o Chiclete Com Banana (arrasada até hoje, fiquei
uma semana de cama) e a melhor despedida que é: a solidão.
São
tantos encontros e tantas despedidas, mas não ouse pensar que ninguém fica em
nossa alma porque muitas vezes o papel de um encontro com pessoas, com uma religião
ou com um livro é para nos marcar e transformar. O meu primeiro contato com
algum livro surpreendente foi eternizado na minha vida, do mesmo modo quando
alguém entra e sai. Não se engane leitor, esse ciclo é o que torna a vida
suportável e as piores pessoas? muitas vezes passam por nossas vidas para nos
ensinarem a não ser como elas.
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