Tunz

- Mamãe, no céu tem álcool?

E chorei. Chorei mesmo.

Sou o tipo de bêbada que tem alzheimer: esqueço de tudo.  Esqueço meu nome, esqueço minha idade e como cheguei até a cama cheirando a creme de morango. Eu fico triste por esquecer? NUNCA. DOU GRAÇAS A DEUS POR ESSE DOM DE NÃO LEMBRAR NADA DAS FESTAS. OBRIGADA DEUS. Posso seguir minha vida normalmente, pois o que a mente não gravou... Nunca existiu (momento pensadora contemporânea). 

Festa de aniversário (TUNZ, TUNZ, TUNZ) com direito à fantasia e tequila (melhor festa)... A Minie chega de meia 7/8 (fazendo propaganda para chamar atenção de um bicho em extinção: o hetero) e encontra Malévola, Noiva Cadáver, Chapeleiro Maluco, Uma presidiária de Orange is the new Black, Zorro, Drácula, Bonequinha de Luxo, Príncipe e outras fantasias que não lembro porque já estava vagando sem o corpo sóbrio. Músicas maravilhosas, amigos maravilhosos e o VENTO LEVANTANDO A MINHA SAIA!!!  PORQUE NÃO BASTA DESCER ATÉ O CHÃO, O VENTO TEM QUE COOPERAR!! Eu até tentei fazer a fina, mas como estava com um short nude por baixo... Desisti e deixei a alma da periferia me dominar.

Fiz do decote um porta-coisas e lá habitava um celular e um pente. O pente é para a minha franja não parar de brilhar e o celular é para chorar ao olhar algumas fotos no meio da festa. Dancei e bebi, bebi mais que dancei. Não lembro o que disse na festa, mas reza a lenda que chorei. E se eu não recordo desse momento... Ele nunca existiu! O que lembro é de dois amigos me vendo tirar as meias e jogando o sapato por cima do muro... Sim, eu ia pular. E sim, eu ia pular o muro mesmo e toooooda disposta. Até parecia que eu era profissional (ladra), mas minha mãe surgiu como Moises abrindo o mar vermelho. Esqueci a chave e bolsa em outro carro. Não sei quem pegou quem (se eu tivesse pegado... Me lembraria, com certeza), não sei se Juliana estava “DESMAIADA”, não sei onde deixei “MEU ÓCULOS” e preferi não colher informações para não sofrer com vergonha. Foi lindo? Foi. Teve pedido de casamento, teve a minha pessoa conversando com o chão e dando a desculpa “ei, não chupei o limão. VAMOS TOMAR OUTRA DOSE”, sou dessas que mesmo bêbada é esperta. E Calincka é o único animal que: deixa o presente da aniversariante em cima da cama por motivos de pensar “MEU DEUS, ESTOU GATA, VAI TER BEBIDA, NÃO VOU FICAR EM CASA NO SÁBADO, MEU DEUS, SEGURA O FORNINHO QUE HOJE TEM!”. Teve eu dizendo “mainha, como é que você sabia que eu ia pular?” “Você começou a jogar os sapatos e eu quase DESMAIEI pensando que era ladrão.” “MAR MAINHA EU SÓ ROUBO NO THE SIMS3 PORQUE EU NÃO MEREÇO SER POBRE ATÉ EM UM JOGO!!!”

E a única certeza que tenho é que: fervi água e fiz leite para comer com Neston. 

Reconquistar

- Oi, você vem sempre aqui?

- Sempre que posso porque eu preciso saber que você está bem. - Responde meu reflexo no espelho.

Passamos a vida inteira tentando conquistar algo ou a si mesmo. Preparamos-nos para cada conquista, um concurso, um diploma, um mestrado, a importância de um projeto para a sociedade, um relacionamento saudável e os sonhos que temos. Eu diria que não são as perguntas que movem o mundo... São os sonhos e as conquistas. Porque perguntar... Até meu gato por telepatia consegue perguntar por qual motivo ainda não troquei a caixa de areia dele.

A parte mais difícil na vida é lutar pela vida, pela mudança interna e externa e reconquistar o que se perdeu dentro de nós. Quando algo se quebra, quando um coração precisa de retalhos para poder pulsar... Precisamos reconquistar e consertar o nosso próprio eu. Posar ao lado de um artista pode ser um sonho, nunca uma conquista. Levaremos para sempre o triunfo de conseguir o que um dia pensamos ser impossível e mesmo assim conseguimos. A foto com Pablo do Arrocha envelhece, fica amarelada e depois nos faz vergonha. O cara que você tanto queria, mas namorava, não parece ser tão interessante depois que você conseguiu chamar atenção dele. A bolsa cara que você queria... Faz-te se arrepender porque você poderia estar em uma praia do Nordeste tomando bons drinks e se sentindo da realeza em vez de comprar A BOLSA CARA. É preciso saber separar CONQUISTAS de FUTILIDADES. Muitas vezes confundimos uma com a outra, mas com o tempo conseguimos diferenciar e desacelerar a ansiedade por algo que mais tarde vai nos fazer refletir e pensar “MEU DEUS, QUAL A NECESSIDADE DISSO?”.

É uma caminhada longa para alcançar aquilo que tanto investimos. Sim, se você investiu seu tempo, seu dinheiro em algo... Pode ter certeza que o quer você está fazendo é caminhar em direção a conquista. Se for fácil e prático, sinto muito... Você não conquistou nada, caro Napoleão Bonaparte. Muitas vezes os sonhos se entrelaçam com nossas conquistas e é um combo de felicidade, a sensação é de um bebê experimentando um Danone pela primeira vez: gostoso, fascinante e extremamente insubstituível.

O que seríamos de nós se tudo fosse simples e não nos desafiássemos? Seríamos esnobes, sem apreciar o mundo, os detalhes, a íris de quem amamos e não saberíamos o significado da palavra “AGRADECER”.  Caro leitor, se está difícil e complicado... Sorria porque eu estou te filmando? Não, sorria porque a recompensa será inesquecível! 

A Menina que Quebrava Vidros

- Eu tenho uma coisa pra falar... VAMOS SUPOR QUE EU NÃO SAIBA ONDE DEIXEI AS COISAS DA NOSSA APRESENTAÇÃO...

Destrambelhada. Já ouviu essa palavra? É a mesma coisa que descuidada e atrapalhada. Se você pesquisar na enciclopédia Barsa... Terá uma foto minha sem filtro e no pior ângulo. Eu não sei, mas (reza a lenda) Mainha disse que quem é assim é porque: veio ao mundo sem ser chamada (lembrando que Mainha me ama) e/ou cuspiram na minha mão.

Bem, os mais velhos (minha mãe e minha vó) dizem que quando alguém pega em algo e ele cai ou se quebra... É porque alguém cuspiu na mão da pessoa destrambelhada (eu, mas eu com certeza lembraria se alguém cuspisse na minha mão). A parte do “se pegar quebra” é verdade. Eu quebro tudo (até na boquinha da garrafa), menos o quadril como Shakira faz... Eu já quebrei tanta coisa ao longo da minha vida que prefiro nem tocar nas pessoas para elas não darem entrada na emergência de um hospital. Entrar em loja e literalmente olhar só com os olhos, comer em prato de plástico e jamais, never, nunca pegar em coisas que são delicadas (tipo um recém-nascido). Se eu seguir essas regrinhas não preciso pagar ou dar outro para as pessoas. Vocês podem rir, mas o caso é grave. O ano nem terminou e eu já fiz meu celular cair no ônibus, em uma privada, em um carro e chutar sem perceber que era o meu celular.

Às vezes eu abro a geladeira para refletir sobre a vida e depois fecho. O que acontece depois disso? Eu fico três horas procurando onde deixei o meu celular para depois meu pai descobrir um celular na geladeira. É GRAVE? É MUITO GRAVE. Já esqueci a senha do cadeado da mala e tive que viajar com um cadeado do portão... Imaginem a cena, eu em um aeroporto totalmente movimentado com pessoas bonitas, autoridades e CALINCKA PUXANDO UMA MALA DO MICKEY COM UM CADEADO DO PORTÃO... SIM, BRASIL. “Calincka, ele já tem três meses... Quer segurar?” “Melhor não, quero seu filho vivo.” Como viver em um mundo em que eu estrago e quebro tudo? Eu já esqueci minha afilhada no Shopping e tive que voltar para pegar, eu já esqueci identidade em loja (aposto que espantou todos os clientes), já me esqueci de marcar no caderno de prova, já tirei a calcinha da bunda pensando que ninguém estava olhando e tinha uma platéia que aplaudiu o show, já deixei meu sapato novo em festa, já paguei as compras e saí sem as sacolas e já fui ao neurologista saber se tenho Alzheimer. O médico me perguntou quando começou essa “falta de atenção” e eu respondi que o primeiro sinal foi quando eu deixava o meu bichinho do tamagocchi morrer porque eu esquecia alimentar.

O meu diagnóstico foi uma mistura de burrice com um leve retardo mental e retoques de autismo. Eu sou o único animal que consigo cair sozinha e levar dez topadas dentro de 1 minuto. E está permitido se sentirem melhor porque vocês nunca quebraram o Box de acrílico do banheiro. 

Stay

- Eu não posso. Eu não posso viver te perdendo sempre para a sala de embarque ou para a sua cidade quente!

- Olha, eu tenho que concordar que minha cidade é quente, mas eu também não gosto da sala de embarque porque ela nem me dá uns beijos. E SE EU FICAR?

Passei dias esperando por um livro que me faria sofrer, porque se não há dor... O livro, a história, a ansiedade de ir até o final não é anexado na sua mente. O livro não perdura nas madrugadas em sua mente. Ele não te questionará se no final uns casais de vampiros ficam lindos para toda a eternidade e felizes para sempre. 

Antes de tudo eu quero que saiba que darei SPOILER, mas farei você refletir comigo e depois induzir você a ler o livro antes de assistir o filme.  Sempre fui o tipo de pessoa que pensa “a minha vida não tem graça, eu sou sem graça, eu realmente sou muito sem graça” e me pego em alguns momentos pensando isso novamente. Então entra em cena algo que te faz olhar o mundo com outro olhar. Eu não sei explicar em palavras porque só pode ser sentido. Se você está sentindo e não sabe explicar... Preciso dizer que você pegou uma doença pior que o Ebola. Você respirou o ar onde tinha um casal se beijando apaixonadamente e pegou gripe? Não, é pior porque para a gripe tem xarope. Caro leitor, não tem mais como voltar porque você se apaixonou (me abraça que estou infectada e já vai fazer quatro anos).

E se for recíproco é pior ainda. Se ele(a) estiver longe é pior do pior de todos os piores. Não tem como tirar esse catarro chamado de amor do peito. E desde o início, quando esse evento acontece e nos apresenta uma sapatilha para que possamos ver que ela foi feita para nós e para calçarmos... Mesmo fazendo calos, mesmo apertando é aquela sapatilha que você quer e como uma bailarina você supera a dor e faz um pliê. Sempre quando algo bom acontece, paramos para perguntar “por que eu? O que tenho de especial?”. Eu vou responder que a minha especialidade é me doar, principalmente se tiver nome, sobrenome, CPF e morar mais longe que urso polar. Você está se perguntando qual é a ligação do livro comigo, né? A protagonista se acha sem graça, é talentosa e não percebe, doa-se para a música e para um relacionamento. Ela tem poucos amigos. E ela perdeu tudo em questão de segundos. Ficou em coma e tinha uma escolha a fazer. SEGUIR ou FICAR? E SE EU FICAR? E SE EU SEGUIR? E SE VOCÊ SEGUIR? E SE VOCÊ FICAR?

A protagonista, Mia, tinha tudo para seguir (morrer), ela poderia ter seguido sem ser julgada, sem ser apontada de egoísta e fraca. Ela estava cansada, mas ficou. Ela tinha dois motivos para ficar. E eu também tenho dois motivos para ficar: Adam Levine, chambinho e as gostosas gargalhadas na internet. Mentira, meus motivos são no total de cinco, mas o chambinho está incluso. E tenho certeza que vocês possuem uma lista que mostra os motivos de ficar, todo mundo faz essa lista mentalmente, todo mundo luta para ficar e quando tudo era nada... Mais um motivo surge para você ficar. É sempre assim, em cada segundo somos testados para saberem que ficaremos.

Socorros

- Quer que eu vá aí?

- Não!

(Ela me encontra deitada no chão do quarto, chorando, com direito a trilha sonora.)

É fácil perceber quem são seus amigos e mais fácil ainda quando aparecem sem ser chamados. Todo mundo tem um amigo que larga as coisas para te puxar do chão e te dizer que vai passar. Agora se você disser que não tem amigos... Eu tenho uma má notícia... Você é uma planta! Só a sua mãe te rega e mexe na sua areia. E caro leitor, eu espero que você tenha amigos... Se você for fã de Gustavo Lima eu entenderia a ausência de amigos na sua vida.

Ser verdadeiro. Se permitir. Tirar a armadura. Três frases que te fará conquistar os melhores amigos, aqueles que te ajudarão em qualquer situação, aqueles que não te abandonam mesmo você vestindo uma roupa de estampa dos quadros de Romero Britto ou as roupas da Regina Casé no ISSSSSSSSSQUENTA. Demora conhecer pessoas assim, mas o tempo capricha. Ele vai te preparando para que você os encontre na hora certa e no lugar certo. E lá está à mão para te puxar do chão. Esses amigos são tão preciosos que dá vontade de colocar em uma caixa da Barbie e colocar embaixo da árvore de natal, para uma criança (que está sofrendo) ganhar os mesmos abraços que ganhamos e ouvir o “vai passar”.

Os amigos de verdade não te viram as costas, te puxam para conversar como uma mãe faria se soubesse que o filho quebrou a janela do visinho. Isso é tão bom, sabe? Espero que saiba leitor, mas se não souber... Estarei disponível para no mínimo te mandar as energias boas que me rodeiam. Eu grito “socorro” e uma amiga aparece com um prato de brigadeiro (não irei gritar socorro porque estou de dieta), grito “meu Deus” e um amigo manda uma mensagem dizendo que vai me pegar oito horas da noite para sair por Petrolina e Juazeiro, grito “MAAAAAAAAAAINHA” e ela vem desesperada, da cozinha, e eu digo que chamei para matar o grilo. Levo umas chineladas? Levo.

Eles me aceitam com cicatrizes, suturas e piadas na hora errada e lugar errado. Sou Ph.D em fazer piadas em lugar errado e na hora errada. Exemplo? Fui a um velório de um parente e soltei “olha, está sorrindo. Eu com certeza quero morrer sorrindo porque não está fácil para ninguém.” Mainha me fez voltar para casa. Dei gostosas gargalhadas porque lembrei que a coordenadora do meu colégio me fazia voltar quando eu ia com a farda incompleta. 

Quem você seria?

- Se eu pudesse ser alguém eu gostaria de ser a Beyoncé. E você?

- Meu gato. 

Não é um documentário e muito menos uma pesquisa, mas quem você gostaria de ser? Você aguentaria o forninho da Beyoncé? Da Adele? Não. Eu diria que no meu caso seria: NÃO. Já pararam para perceber que são fortes? Os artistas estão sujeitos a tudo porque é gente como a gente. Moldados para chegarem até onde estão. Da mesma forma que um jornalista molda seu estilo textual, Adele e Beyocé foram moldadas para que pudessem conquistar o mundo e as pessoas. E esse molde as tornou fortes, assim como qualquer outra pessoa.

Somos fortes? Sim. Cada um teve a sua sentença/cruz/forninho para segurar, mas antes de ganhar essas incumbências... Fomos treinados ao longo da vida para poder aquentar. Posso dizer que a vida é a coreografia da Beyoncé e somos o Péricles tentando aprender. É errado idolatrar? Claro que não! Você pode idolatrar Luan Santana e quem mais você quiser (por favor, nada de idolatrar Hitler). Eu sou tímida e sempre tive medo de incomodar alguém então quando vejo um famoso como Pablo do Arrocha... Eu evito tirar fotos porque sou muuuuuuito tímida. Se fosse Kings Of Leon, repensaria e deixaria eles tirarem uma foto comigo.  O fato é que não se deve idolatrar pensando que é um produto que usamos e depois jogamos fora quando não há mais valor. É estranho dizer, mas Beyoncé chora. Adele foi abandonada e escreveu letras maravilhosas que atingiram o céu e a terra. Rihanna foi agredida pelo namorado. Grazi Massafera foi traída e há outras que podem ser citadas como exemplo para que possam perceber que são meros mortais. Meros mortais riquíssimos.  E o que nos diferenciam delas? O dinheiro, claro. Beleza? Eu acho vocês lindos(as), e é só a conta bancária e o talento que nos separa deles e delas.

Sofrem, amam, morrem. Tudo o que fazemos ao longo da vida, e mesmo assim, estamos acostumados a dizer que a nossa vida não boa só porque colocamos nosso nome nas revistas da Avon em vez de ir a NY comprar maquiagem. Não é impossível ser feliz, mas é impossível não ter um dia em que tudo dê errado. Somos agraciados com a liberdade de ir ao supermercado sem make, chorar no meio da rua sem ser flagrados pelos paparazzi, ter que dar satisfação porque você saiu sem a aliança e ser corna discretamente. OLHA SÓ, MAIS VANTAGENS DO QUE COMPRAR NAS CASAS BAHIA! Está vendo? Somos meros mortais que podemos ocultar a olheira sem ter que escrever uma nota de esclarecimento porque estão dizendo que foi um soco.

Eu não conseguiria segurar os forninhos delas, prefiro uma cabana com uma lagoa por perto, um marido maravilhoso, um trabalho que eu possa exercer sem ter alguém que fique me perseguindo e tirando as piores fotos porque não sabe qual é o meu melhor ângulo. 

Miopia

- É bonito?

- Não sei, também não estou enxergando.

Eu poderia dizer que minha vida é quase o “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago. A diferença é que só a minha pessoa é cega e sou conduzida por amigos. Eu tenho miopia e odeio óculos como um gato odeia o banho.

Uso óculos na faculdade e só.  Não, no cinema também. É questão de afinidade, pois não vou com a minha cara usando óculos. As lentes de contato? Aposentei no dia que perdi uma no ralo da pia do banheiro. Minha mãe só não me matou porque Deus está no comando. E vivo assim: usando óculos na sala de aula e nada no mundo. Saio por aí sem apreciar detalhes e já estou acostumada, mas recorro aos amigos na hora da paquera. Procede a info! Dou gostosas gargalhadas com as situações por causa do ódio desnecessário com os óculos.

“É bonito?” “É um exu, ainda bem que você não enxerga porque eu queria desver.” Sim, sempre assim. Uma aventura atrás da outra só por causa da miopia. Já gritei no meio da rua “PAAAAAAINHOOOO” e não era meu pai. Já abracei um cara por trás pensando que era meu amigo e já chamei uma menina de piranha, em uma festa, pensando que era minha amiga... Fui embora da festa? Fui! porque não queria a minha morte anunciada em todos os meios de comunicação da região e muito menos meu corpo em uma vala. No final de tudo dou: GOSTOSAS GARGALHADAS.

As vantagens de ser cega é que eu não vejo as pessoas, nem preciso fingir porque a miopia já faz isso por mim. Não saio dando oi pra todo mundo ou tchau. Passo direto deixando as pessoas me rotularem de metida, mal educada e chata. MELHOR QUE SER PUTA, NÉ? OU DROGADA, OU ANALFABETA FUNCIONAL, OU EX DE JOGADOR DE FUTEBOL, OU PANICAT, OU EX BBB. Enfim... Eu não ando ligando para o que pensam e muito menos vou explicar. Sou cega sim e estou vivendo, tem gente que usa óculos e está morrendo.  E se eu não mando mais cartas é que EU TENHO TANTO PRA LHE FALAR, MAS SEM OS ÓCULOS NÃO SEI ESCREVER.

Roberta Miranda me entende!  

Ligações químicas

- Uma ligação química é quando há uniões entre átomos para formar moléculas e blá, blá, blá...

Ligações químicas são uniões entre amigos e quando esses amigos se encontram pode ocorrer várias ligações para o ex porque você bebeu demais e precisa informar ao mundo (claro!). Esqueça a química aquela matéria (insuportável) que parece um quadro de Romero Britto só que em um livro.

Quando há química nem o pior desastre (tempo, Megan Fox saindo da piscina, sogra, irmãos, gatos, chuva, briga e fofoca) separa. É Deus no céu e aquela pessoa na terra. Não falo só da química que há entre casais, falo também da química com o pai, com a prima, com os amigos, com uma música, uma banda, animal... É MARAVILHOSO BATER O OLHO E SE IDENTIFICAR! Com a risada, história, experiência, gostos musicais e o modo de se posicionar diante da vida.

Ultimamente tenho andado com pessoas iluminadas (uma ciranda de viados) e me pergunto em que momento eu consegui conquistá-los...  Não é um mistério, mas encontrar e conhecer essas pessoas por uma amiga, a mesma amiga que você atraiu para sua vida e que mais te ajudou... Percebem? Não? Deus. Destino. Química. Porque na primeira oportunidade eu os conquistei, não como Napoleão Bonaparte. Eu os atraí na primeira conversa honesta e sincera. E discutíamos sobre um assunto sério e polêmico: o cristianismo. É, um assunto leve... Nada obscuro... E sem querer eu os faziam rir. Para quem ouvia só os próprios soluços acompanhados de lágrimas, ouvir gargalhadas é maravilhoso. E desde então nunca mais parei de fazer as pessoas se sentirem bem, mas para chegar a esse ponto comecei a me fazer bem. E como é isso? Rir da própria desgraça e depois compartilhar.

Primeiramente digo que foi Deus (FOI DEUS, MAMÃE!), aí coloco o destino, maktub (estava escrito) e ligações químicas com direito a várias moléculas sorridentes. 

Última parada

- Por favor, Deus não deixe que venha lotado. Eu prometo parar de reclamar  daMINHA NOSSA SENHORA, OLHA O TANTO DE GENTE NESSE ÔNIBUS, MAS QUE DROGA DE VIDA TENHO QUE FICAR RICA LOGO!!!

Rainha do proletariado e imã de ônibus lotado. Enquanto você reclama porque seu jatinho particular não chegou, tiro o terço da bolsa implorando por uma cadeira vazia no ônibus que me levará para casa. E rezando também para não entrar nenhuma grávida/mulher com criança de colo/ alguém com o pé engessado me olhando com cara de cachorro abandonado. Sem mencionar que quando a porta do ônibus se abre na nossa frente, sendo a primeira a subir, esquecemos que um orgasmo é prazeroso. Ser a primeira a embarcar e achar lugar vazio é como achar dinheiro na calça suja.

O transporte público é o melhor ambiente para fingir que ninguém existe. A gente entra no ônibus mais cheio que sutiã com enchimento e finge que nada está acontecendo. Finge que não sentiu o cheiro de suor, de gases extremamente fedorentos (dá até para imaginar o que a pessoa almoçou... meu Deus!!!), a roçada de bunda com bunda, o estudante que não tira a mochila das costas, e ao passar por você, quase te levando também. Existe também aquele momento constrangedor em que o corredor do transporte está tão lotado que você sente a respiração de um desconhecido na nuca e a gente tenta se esquivar porque estamos em 2014 e não gostamos de soprinho no pescoço se o cara não for lindo, hetero (essa parte é muito importante), educado e inteligente. Há tantos personagens em um ônibus e não consigo entrar em uma bolha e ficar protegida disfarçando que quando alguém ocupa nosso espaço não é desconfortável. É mais desconfortável que a calcinha entrando na bunda ou ver um cara, sem nenhuma cerimônia e educação, amassando o saco na nossa frente.

Ônibus, metrôs, vans... Transportes lotados porque somos escravos do tempo, dos impostos, dos juros altos nos impossibilitando ter um transporte particular (acabei de visualizar meu iate... Momentos!) ou até mesmo uma conscientização para que pudéssemos usar mais bicicletas, exigir mais ciclovias e segurança para os ciclistas.  É, pedir para o Brasil virar a Holanda com habitantes ciclistas é como pedir presente fora da data de seu aniversário: não dá.  Mas... E se... E SE OS MOTORISTAS FOSSEM AO OFTAMOLOGISTAS E FIZESSEM EXAME DE VISTA PARA OBTER ÓCULOS E ENXEGAR QUE NÃO CABE MAIS NINGUÉM NO ÔNIBUS? Eu acharia ótimo! Tem motorista que leva a expressão “enfia que cabe” muito a sério. Suspeito que até tatuam... A minha viagem (sim, é uma viagem porque estudo em uma cidade e moro em outra) é lenta como o mês de agosto e desagradável como velório. Em pé, sempre disputando uma barra para se segurar (como se eu também não tivesse que segurar a barra que é gostar de você) e ainda ter que ouvir (segue lista) Calcinha Preta, Luan Santana, Aviões do Forró, Psirico, Desejo de Menina E PRA TERMINAR: PABLO DO ARROCHA. Eu poderia pegar meu fone e ouvir Kings Of Leon? Poderia, mas qualquer movimento brusco você pode pegar na bunda de alguém, na mão, nos seios, nas coxas... Eu acho que os Estados Unidos eles deveriam aderir o corredor do ônibus em vez do corredor da morte. Os criminosos teriam mais medo, com certeza (até porque ninguém morre de verdade, essa teoria será explicada em outro texto, livro, muro...).

O que é uma, duas, vinte pessoas que não gostam de mim perto de um ônibus lotado? Isso mesmo, nada! É a tortura de cada dia, até quando passo na catraca e o cobrador solta um “olá morena”. E quando deixam para tirar o dinheiro na hora de passar na catraca e ficam lá contando moedinhas que você guarda para colocar no envelope do dízimo? Dá vontade de dizer “minha filha você pode me deixar passar? Porque eu não acordei do coma pra te esperar contar moeda”, mas li em um muro que é melhor ter paciência do que ter um B.O e um processinho por agressão física. Não quero parar na cadeia porque eles nem deixam a gente colocar um filtro na foto de presídio e não aceitam franja. Passo por isso quase todos os dias, mas como eu não sou obrigada a ser pobre... Eu vou estudar ou dar um like no Tinder em um cara com fotos ostentação... Vai que... Não, melhor estudar mesmo e continuar escrevendo porque passar por essas situações e ser a última a descer (porque não basta andar de ônibus, tem que morar no último bairro da cidade que mais parece uma aldeia esquecida) faz mal ao coração e pra minha franja brilhosa. 

Botão

- Linda e importante como um botão.

- O quê? Não entendi.

A luta é diária, é sangrenta por causa das hemorragias internas que não demonstramos, é cansativa porque caímos ao correr, tropeçamos ao caminhar e batemos em uma parede quando tentamos voar (no meu caso, acho que mula não voa).

Que luta é essa? Não é MMA, mas é um pouco parecida porque damos socos em tudo que nos faz mal e nos sujeita a ficar de mau humor como Juliana que não quer sambar. O arame farpado de palavras cortantes também atinge as minhas costas, mas eu recorro aos amigos (lembre-se de recorrer aos amigos de verdade e não aos que você pensa que são) para que tirem mesmo que doa e sangre. E aí acontece a sutura. A sutura é feita com abraços, brigadeiro, textos de Carpinejar, banho demorado com sabonete líquido esfoliante, risadas ocasionadas por vídeos na internet, compras na Marisa, cheiro de livro novo, músicas novas vazadas dos seus artistas preferidos, ônibus com lugar vago para você sentar, impressora HP reconhecendo os cartuchos novos, feriados que caem na semana, ganhar livros, entrar na calça 38, dar like no Tinder quando é ex-colega do ensino médio (e ao acontecer à combinação... Fingir que nada aconteceu).

Há as suturas que doem um pouco e deixam marcas, mas eu uso base Mary Kay e elas ficam imperceptíveis, como se não existissem. Uso pó iluminador para iluminar a vida e vou seguindo porque há livros que ainda não li, há pessoas que ainda não vi, há posições sexuais do Kama Sutra que ainda não fiz (Mainha estou brincando, viu? Por favor, não me coloque pra fora de casa porque não sei cozinhar feijão), há shows que ainda não fui, há Paris me esperando, há mais beijos de paixão que receberei, há o choro do meu bebê que ainda não ouvi (vai se chamar Calincko se for menino porque tem que crescer sofrendo para depois sambar como a mãe), há alguns papéis de trouxa que ainda não fiz, há a volta de Jesus que não quero perder (já comprei ingresso na pré-venda), há outros foras que ainda não recebi e há o que está guardado para mim. Há a minha missão e tenho um pequeno vislumbre do que seja e ela está acontecendo agora em mim e em você.

Há outra coisa que preciso melhorar para depois melhorar o que está ao meu redor. A autoestima. Ela foi plantada, está sendo regada, cuidada e crescendo. Logo dará frutos saborosos e sombra para amantes e quem queira descansar perto dela. Eu aprendi a repetir como um mantra que sou um botão. Um botão é necessário, segura, dá charme, cai e faz falta, mas logo volta para o seu lugar que é perto do coração de alguém. 

Independência

- Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação diga ao povo que fico. Fico só observando o circo.

Declarada a independência do nosso país no dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo por Dom Pedro I. O nosso país se livrava das garras do amor (nada gostoso) de Portugal e, desde então, muita coisa mudou, mas nem tudo.

Caro leitor, aprendemos nos livros de história o que significa “O dia do Fico”. Aprendemos que Portugal não gostou nadinha da independência e aprendemos também que Cristiano Ronaldo é lindo demais. O presente texto não se trata de história, independência, liberdade das mãos da corte portuguesa. Trata-se da pergunta que ainda não consigo responder: quando iremos ter a punição extrema pela prática do racismo, da violência e intolerância? Jesus acabou de mandar mensagem pelo whatasapp dizendo que “nunca”. Muito bonito o desfile das escolas pelas ruas e quando for amanhã outra professora será agredida por um aluno, muito lindo o desfile e quando for amanhã, na escola, a criança/adolescente praticará bullying com um colega e mais lindo ainda é você, diretores e professores, organizarem um desfile bonito em todo 7 de Setembro E SE OMITIREM AO VER E PERCEBER QUE UMA CRIANÇA ESTÁ DANDO CLAROS SINAIS DE QUE HÁ ALGO ERRADO.

Não adianta fazer uma coreografia à la Beyoncè PARA QUE A SUA ESCOLA SEJA O DESFILE MAIS BONITO se você falha na educação, no respeito, ignora e repudia o aluno que tira notas baixas. Não adianta desfilar lindamente com a farda do exército se ao chegar em casa taca a mão no rosto da mulher porque ela não concordou com algo ou não te obedeceu. Esse espetáculo é feito todos os anos e SEMPRE assisto, do mesmo jeito que assisto a um circo. Onde as crianças são arrumadas para ser a parte fofa do desfile e todos fazerem um coro de “onw que lindo”. Nunca desfilei pela minha escola e nem pelo o país (e olha a ousadia, para desfilar tinha que pagar a fantasia!! Olhem a minha cara de quem vai pagar fantasia para desfilar por um ninho de cobrinhas). Eu era a garota que pedia socorro em silêncio na sala de aula. Hoje não, hoje estou achando meu caminho. E sobre desfiles? Desfilaria com certeza pela a independência! daquele cara lindo que tem uns cem anos namorando com aquela garota que tem cara de gelatina incolor: sem graça. Desfilaria, lindamente, no palco com Adam Levine e desfilaria em marcha ao show de Kings Of Leon ou Birdy. Isto sim, valeria a pena pra mim. 

Meu querido celular

- MINHA NOSSASINHORA DOS CELULARES PERDIDOS! ME AJUDE!

Eu tenho essa alma moleca e não perco oportunidades de aprontar algo engraçado com alguém que gosto e amo. Geralmente eu faço essas brincadeiras para poder escrever e dar gostosas gargalhadas. E às vezes (sempre) faço pelo bem do meu coração que agradece enquanto estou rindo com [e das] pessoas. Como diz uma bela amiga “eu sei me curtir”.

Estava bebendo em casa E CONECTADA NA INTERNET mandando mensagens para os amigos bêbada e fazendo de tudo para ser banida de alguns grupos no facebook [entro em alguns grupos com esse intuito]. Fiz uma meta bêbada e disse “hoje vou ser banida de sete grupos”. E fui. Entrei no grupo de Luan Santana e postei que ele era estrábico e o caos se instaurou. Ri muito e fui banida. Entrei no grupo de fãs da Cláudia Leitte e disse que alguém tinha que chegar nela e dizer “mulher pare, volte para o Babado Novo que ta fazendo vergonha esse cosplay de Ivete Sangalo”. A raiva dos fãs e dos administradores foi tão intensa que até tentaram me denunciar como fake (mas ninguém pode me denunciar porque uma vez fizeram isso e mandei todos os meus documentos para um site de ajuda da rede social, que te protege quando as pessoas não acreditam que seu nome é CALINCKA CRATEÚS). Eu ainda não estava bêbada o suficiente e consegui entrar em um grupo de evangélicos me passando por ex-lésbica e dei o meu testemunho que estava curada e choveu comentário como “ALELUIA IRMÔ, “VOCÊ É UM EXEMPLO DE SUPERAÇÃO”. Eu ria mais do que digitava porque, gente... O SER HUMANO, ELE, É A COISA MAIS ENGRAÇADA E TROUXA QUE EXISTE NA TERRA.    

Os evangélicos começaram a me adicionar e eu comecei a clicar em “agora não”, mas queria mesmo era o botão “me erre”.  Parei as notificações do grupo e fui para o próximo chamado “sou vegano” e postei uma foto de uma carne assada no grupo perguntando “é sério que vocês não comem nem bisteca? E linguiça?”... B – A – N – I – D – A. E rindo mais que alcoólatra em festa open bar!!!! O que pude perceber é que em TODOS os grupos não podemos discordar. É como se fossem castas e se você come carne não pode dizer o quanto é gostoso ou o quanto a simpatia da Cláudia Leitte é forçada. Triste, mas continuei rindo. Então entrei no grupo de fãs da Anitta. AAAAAAH foi o melhor momento da noite, porque postei um vídeo da Beyoncé e disse “GALERA, VOCÊS JÁ PARARAM PRA PENSAR QUE É MAIS LEGAL SER FÃ DA BEYONCÉ DO QUE DA CÓPIA TORTA DELA?”. Só não apanhei porque estava na minha humilde residência e não sabiam rastrear meu IP e muito menos enfiar a mão na minha cara porque ainda não podem ultrapassar a tela para cortarem minha franja.

Dei gostosas gargalhadas. Mas, no final chorei. Fui fazer xixi e não vi que o celular estava no bolso do short e ELE MERGULHOU NO VASO SANITÁRIO. Ainda não tinha feito xixi, mas a vontade passou na hora porque “COMO EU IRIA MANDAR MINHAS NUDES?” e “COMO EU IRIA TIRAR MIHAS SELFIES IGUAIS?” e pra terminar “COMO EU IA MANDAR MENSAGEM BÊBADA PARA AS AMIGAS E PARA O EX?”.

Eu comecei fazendo caos pela internet e fui recompensada com muita macumba, que funcionou! Contei meu desespero aos amigos e eles me deram uma solução; me mandaram abrir o celular, enfiar na vasilha de arroz e rezar.  No outro dia (antes de mainha acordar) fui averiguar o estado emocional e físico do meu celular. ELE ESTAVA TODO LINDO DE VALENTINO, então eu o tirei da vasilha, Tampei, guardei e mainha usou o mesmo arroz para fazer o almoço. Ela perguntou se eu não ia comer E RESPONDI QUE ESTAVA DE REGIME. PASSEI UMA SEMANA SEM COMER ARROZ.  

O primeiro beijo

(Brincando de se esconder)

- Andressa ainda está contanto, Calincka!

- A gente consegue bater antes dela nos ver Bruno?

- Ainda não, mas eu queria...

(ELE ENFIA A LÍNGUA NA MINHA BOCA)

Para muitos o primeiro beijo foi estranho, horrível, do nada, babado... E o meu foi tudo isso junto. Uma alma inocente brincando de se esconder e puxada para um cantinho da parede para ser beijada pelo o MELHOR AMIGO DE RUA. Como todo ser humano normal, eu não gostei por dois motivos: era meu amiguinho e tava com gosto de Fandangos.

Eu não participava da brincadeira “salada mista” porque NUNCA era escolhida, e por que? pelo simples fato de que não penteava o cabelo e os joelhos eram cinzentos. Em 2001 eu não sabia nem para o que servia máscara para cílios. Onze anos de idade, muita inocência, abestalhamento E PASMEM QUE ATÉ OS 11 ANOS EU TOMAVA MAMADEIRA. Sim, me arrumava com a farda para ir ao colégio E ESPERAVA MEU PAI TRAZER A MAMADEIRA COM TODDY FEITO POR ELEZINHO. Uma mania que não conseguia largar até o dia em que minha mãe me viu encostada em uma parede sendo beijada assustadoramente pelo filho do vizinho.

Daquele dia em diante a terra mudou de lugar e as telhas da minha casa só não voaram porque Deus está no comando. Além de ouvir sermão, fui ameaçada com frases “vou contar pra todo mundo que você toma mamadeira”, “Não quero mais você brincando com Bruno ou vou lá no Colégio CDB contar que você ainda mama na madeira”. Foi um dia terrível para a minha pessoa porque eu nem gostei do beijo e eu nem queria mais brincar com o Bruno. Mainha aterrorizada não sabia que: estava me fazendo um favor.

No outro dia cheguei para painho e disse “me passa a mamadeira” (como em um assalto, mas sem violência) e joguei a mamadeira em cima da casa. É claro que essa atitude desencadeava vários medos nos meus pais. Eu estava crescendo. O primeiro beijo e a despedida da mamadeira foi o começo de uma linda dança com os hormônios. Estava crescendo e eles não poderiam fazer nada.

O segundo beijo foi aos 16 anos e, péssimo, porque eram duas amigas saindo com dois amigos. O que sobrou para mim tinha cara de quem dançava Ara Ketu E PELA AMIZADE (que durou um ano por motivos de: ela era mais falsa que simpatia pra ganhar dinheiro) tive que beijar a cópia de Leo Santana, só que sem anabolizantes. Os demais beijos foram os melhores, pois eu merecia e aconteceram na minha transição “me vingando ficando linda” e “paquerando você aqui, mas é só porque não tem nenhum filme bom para baixar”. Somente o seu terceiro, quarto, quinto, décimo segundo farão você se arrepiar e sincronizar língua com língua e toque com toque.

Eu defino meu primeiro beijo como se estivesse tentando achar uma bala com a língua na boca de alguém e sem achar. E não posso esquecer-me de um beijo cinematográfico que tive. O menino beijava SOMENTE meus lábios. Eu ficava lá, esperando a língua aparecer ou Woody Allen dizer “CORTA” e bater palmas pela cena maravilhosa! Vocês que beijam sem língua... Eu não acordei do coma para isso!

Livre Arbítrio

- Que sensação de liberdade!!! – responde os seios.

O que é liberdade para você? Ser livre... Para ir onde quiser, conhecer quem quiser e deitar na grama com a brisa acariciando o rosto enquanto a paz corre nas veias. Vocês me diriam mais? Diriam. Tomar banho de piscina nua, encenar Lana Del Rey em cima de uma moto, sem capacete e com os cabelos ao vento como no clipe Ride, chupar pirulito azul sem medo de ficar com a língua azul parecendo um Chow-Chow, tomar banho de chuva, deitar em cima de um carro e abrir os olhos para que as gotas da chuva caiam nas pupilas... E o melhor: fazer isso aqui .

Eu posso definir o livre arbítrio em duas situações. Você (mulher ou trans) chega em casa e tira o sutiã OU sai com um vestido que não demonstra que está sem o sufocador e tirano de seios. Eu saio sem sutiã? Sempre que posso. A ocasião fica mais divertida, as risadas mais verdadeiras pelo simples fato de seus seios estarem conversando um com o outro. Isso é M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.

A outra situação é o simples fato de você tirar o salto alto depois daquela festa em que você se produziu como se fosse para uma sessão de fotos (e ninguém olhou para você) em casa. Eu escuto um coro de ALELUIA quando isso acontece. Isso tudo porque uma vez li na revista Capricho que os garotos acham sexy mulher de salto alto. Cresci acreditando nisso e no dia em que meu salto quebrou no meio de um beijo... Eu cancelei a assinatura da Capricho e me emociono, como toda bailarina, ao comprar uma sapatilha.  

O Livre Arbítrio pode ser e ter vários significados, começando pela Bíblia Sagrada.  Somos livres para fazer o que quisermos e entender que as escolhas, todas as escolhas, nos trazem consequências. Boas ou Más, dependendo do que você deseja e como realiza para conseguir. Tire o sutiã e o salto alto, mas sem precisar passar por cima de quem está ao nosso redor. Uma definição para os homens se sentirem bem é aquele shortinho de seda para dormir, sem usar cueca... Como sei disso? Convivi com um homem que além de fazer o papel de namorado fazia o papel de amigo e confidente. E convivo com meu pai. Ele se emociona quando ganha um shortinho de seda para dormir? Sim. E sempre que ele está preocupado eu falo “painho, não fique assim. Vista o shortinho de seda”.  

Nudes

- Vou te mandar uma foto.

- Certo.

(AÍ ELE MANDA FOTO DO PINTO)

A semana bombou com várias fotos vazadas de artistas nuas, uma delas era as de Jennifer Lawrence. O mundo ficou em polvorosa. E infelizmente compartilhei algumas fotos dela, mas como temos os melhores amigos... Eles me fizeram a seguinte questão: e se fosse com você Calincka?

Se fosse comigo eu ligaria? Eu ficaria triste? Eu ficaria muito triste? Eu ficaria arrasada. Apaguei urgentemente o que tinha compartilhado e me senti desrespeitando uma pessoa que não merecia e nem merece passar por isso. Linda, excelente atriz e muito, muito carismática. No momento em que vi as fotos pensei em “como ela é linda”, “o mundo precisa ver” e “meus peitos são maiores”. Uma atitude idiota que, assim como as células, todo ser humano tem em algum momento da sua vida.

Em momento algum, julguei por ela ter tirado fotos nuas. Até porque já mandei dezenas para o ex e se vazar eu vou fazer o que faço bem, que é: chorar. A questão é que as fotos não apagam o brilho dessas artistas e muito menos o talento. Escrevo com culpa porque “e se fosse comigo?”. Lawrence tem um Oscar, mas também tem medos, inseguranças, dores, mágoas... Ela sente. Um animal sente, o ser humano sente. E é no meu espaço que peço desculpas por ter dado ibope a um fato triste E NÃO PERCEBER, que mesmo estando longe, estava contribuindo para a mágoa de alguém que não merecia se magoado. I'm sorry Jennifer Lawrence!

Música e leitores

“You light me up when all I see is darkness...”

Eu tenho manias, algumas são estranhas e outras nem tanto. A mais estranha é fazer café em uma cuscuzeira porque (do nada) eu descobri que a marca oval da cuscuzeira é a quantidade de água que devo colocar e é a mesma quantidade que cabe na garrafa de café. Eu sei, é estranho, mas acho o máximo porque eu DESCOBRI SOZINHA.

A mais bonita é fazer trilha sonora para fases da minha vida. Sim, são 14 músicas que seleciono como se fosse um CD para cada sentimento que estou sentindo naquele momento. Teve 14 músicas para a tristeza, para a paixão (com direito a música de Daniel), para a solidão, isolamento, amor, sabedoria, erros, saudade, vitórias (We Are The Champions do Queen) e para a alegria. Sinto muito em informar que essa nova fase é a da iluminação (tenho vontade de fazer várias cópias com a palavra iluminação e sair colando pela cidade sem nenhuma explicação. Olha, acho que vou fazer!). Estou sendo iluminada, pelo sol, pela lua, por amigos e por um algo mais. Sempre tem o “Algo mais”. Essa coisa que chamo de algo mais é aquilo que você sente e não sabe decidir se é fé, esperança, gratidão ou tudo ao mesmo tempo.

E fiz trilha sonora para essa fase onde inclui duas músicas da cantora britânica Birdy. Uma delas se chama Light Me Up. Citei um trechinho da música ali em cima. ME ILUMINA. Quem me ilumina? Você que está com tantos problemas, preocupações, medos e anseios. E mesmo assim clicou no link do presente blog e está lendo isso agora mesmo. VOCÊ ME ILUMINA LEITOR (e nem preciso dar luzes no cabelo ou usar pó iluminador no rosto). E me ilumina mais ainda quando você interage comigo, elogiando, sugerindo, discordando... Para alguém que já apanhou de pá na vida... Vocês são o Merthiolate (INFELIZMENTE SOU DO TEMPO QUE O MERTHIOLATE ARDIA!!) para cada queda que tive e terei. E eis que esse texto e palavras não são meus. SÃO DE VOCÊS. Vocês me movem a cada tecla pressionada com um único objetivo que é: COMER CUSCUZ COM LEITE.... Mentira! É trazer uma risada no seu dia, na sua semana... As gostosas gargalhadas de vocês são e sempre será o meu pagamento. Então caro leitor, obrigada por me iluminar! 

Delicie-se aqui !