AVISO:
SE VOCÊ FOR MENOR DE 18 ANOS NÃO PROSSIGA LENDO O TEXTO, POIS HÁ PALAVRAS COMO
“CU”, “DAR” E “VIADOS”.
-
Moço, boa noite. Sabe onde fica o Vale Choperia?
- ME
SEGUE!!!! ZUUUUUUUUUUUUUUUUUM...
Enquanto
Criolo canta que NÃO EXISTE AMOR EM SP... Na Bahia, especificamente em
Juazeiro, as pessoas colocam água no feijão para agregar o vizinho malandro que
apareceu para dar um “oi” na hora do almoço, o filho do vizinho e o amigo
imaginário do filho do vizinho. Perdi-me e coloquei muita água, agora vou
cozinhar uns ovos de codorna porque o feijão virou caldinho de feijão.
Conhecidos
como preguiçosos, tranquilos e famosos pela simpatia o povo baiano é nada mais
e nada menos que o melhor do Brasil (sinto muito informar, respire com calma e
aceita que dói menos). Nem a pior tragédia tira a energia boa e esperança de um
baiano. Sou pernambucana e adotada pela Bahia (com direito a papeladas, pois
estudo na Universidade Estadual da Bahia) com muito orgulho. Sou a pimenta do
acarajé e a sincronia no maracatu.
Sábados
com amigos é a mesma sensação de TER um orgasmo (radical? Já teve um? Então
sabe que é MARAVILHOSO E SUGA ENERGIAS NO BOM SENTIDO), é a purpurina caindo
lentamente em nossa volta como nos filmes clichês da década de 80. Tem risadas,
aprendizados, abraços e a liberdade de ser e poder ser quem você é diante de
pessoas que te fazem bem. E quando essas pessoas se reúnem com o intuito de
procurar um bar que nenhum deles nunca foi, mas sabe da existência, a vida nos
apresenta situações maravilhosas. Dessas que são vista em filmes de comédia.
Três
pessoas em um carro, perdidas nas ruas de Juazeiro, em busca do bar que
prometia música eletrônica (não precisa me imaginar dançando música eletrônica
porque sou sensata demais para fazer isso). Ruas vazias com cara de que tem
toque de recolher (mas não tem), nos desafiando pela madrugada a insistir a achar
um pé de gente para pedir informação. Encontramos dois caras em uma rua
deserta, um estava dentro do carro e o outro sentado na calçada (hummmm), conversando
(hummmmm)! Paramos para perguntar a localização e a explicação para chegar ao
local que nos foi dada foi tão confusa quanto física quântica ou qualquer coisa
relacionada à física (e mais confusa ainda que a Globo repetindo novela que a
gente não quer mais assistir). O cara do carro percebeu que não estava ajudando
com as indicações como “é mais pra lá da metade da metade da metade” e de forma
inusitada decidiu que ia mostrar em vez de explicar. Gritou “ME SEGUE!” E LIGOU
O CARRO ARRANCANDO EM UMA VELOCIDADE QUE EU ME SENTI NO MEIO DE UMA CENA COM
VIN DIESEL EM VELOZES E FURIOSOS. Rimos tanto pela felicidade dele querer ajudar e pelo carro
dele correr mais que eu quando toco campainhas... Fora QUE: o carro fazia esse
barulho. Continuamos rindo tanto que uma hora o cara dobrou a esquerda e a gente só
não se perdeu porque o barulho do carro era inconfundível.
Começamos
a nos preocupar que preço pagaríamos para tanta gentileza do moço (infelizmente
estamos acostumados a encontrar pessoas gentis e achar que elas vão pedir algo
ou tramar algo em troca) e foi mencionado a palavra cu. Eu era a única
moça/índia/hetero que tinha no carro e já queriam colocar literalmente meu cu
na reta. A quem possa interessar, o meu não fez nada para ninguém e por isso
nele não se mexe, obrigada! Começamos a rir perseguindo o carro e sorteando
quem iria dar o cu ao moço como pagamento. Bem, e se ele estivesse nos levando
para uma boca de fumo com traficantes eu só iria pedir, antes do tiro, para
mandar um beijo para minha mãe, para o meu pai, para meus amigos, para meus
gatos e para Adam Levine...
Ele
para o carro aponta para a esquerda e diz “É ALI Ó” E VAI EMBORA ASSIM.
SÓ. NÃO TEVE CU DADO, NÃO TEVE TRAFICANTE, NÃO TEVE TIRO, NÃO TEVE BEIJO PARA
ADAM LEVINE, NÃO TEVE NADA. SÓ GENTILEZA. SIM, a gentileza não morreu com o respeito.
Ela foi vista vivíssima (e fazendo muito barulho) em Juazeiro da Bahia. Existe
amor na Bahia Criolo!