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Curte aí minha foto, por favor.
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Não estou curtindo nem as minhas e vou curtir a sua? Não, né?
(desfazer
amizade)
Começo
dizendo que Bauman em Amor Líquido tinha completamente razão. A razão de achar
que hoje em dia os relacionamentos são flexíveis, terminados em apenas um
clique e começados em outro. A paquera torna-se mais interessante pela rede
mundial de computadores do que trocar olhares ou receber guardanapos com
recados mandados por outro alguém que está em outra mesa.
Acabamos
obcecados em decifrar o motivo de aquele cara não nos responder rapidamente no whatasapp ou visualizar nossas mensagens
e não responder. Enlouquecemos mais com uma mensagem visualizada e não
respondida do que assistir uma notícia de um crime hediondo noticiado em todos
os jornais. Será que o ser humano esqueceu-se de separar o virtual da vida
real? Será que é melhor chamar atenção de uma pessoa com sua inteligência e a
forma de deixar o ambiente descontraído em vez de sair comentando e curtindo
tudo só para ser “vista”? E a aceitação? Onde está a aceitação de que nem
sempre alguém vai concordar com sua opinião virtual? Quando isso acontece é só
clicar em DESFAZER AMIZADE E PONTO FINAL.
Podemos
desfazer amizade na vida real? Não, não podemos. E é por esse motivo que vivo
pacificamente entre os dois mundos. DESFAZER AMIZADE somente quando há pessoas
que: estão ocupando espaço, são insuportáveis, intolerantes e andam espalhando
falácias com meu nome no meio enquanto fico aqui mastigando meu cuscuz com leite.
Você não me verá falando mal de alguém que nem conheço e nunca vi. Talvez a
pessoa seja legal fora da internet, talvez a internet seja a válvula de escape
dela... E eu não me meterei em momento algum enquanto não ser chamada (ou
marcada em um post no facebook). Há tanta gente que é legal na internet e um
porre na vida real. Sofre de carência (eu), precisa a todo momento chamar
atenção, nem que seja com a foto da bolsa transparente que acabou de comprar...
Tudo
bem, eu não sei o que a Demi Lovato passou... E vocês também não sabem o que
passei (um monte de roupa ontem), mas isso não significa que devo vendar os
olhos e sair chutando aleatoriamente. A gente tem que se cuidar, fisicamente e
psicologicamente antes de deixar alguém mergulhar na nossa loucura (tomar banho
de piscina na madrugada para se sentir Lana Del Rey). Fazemos mais questão de
um comentário em uma foto nossa do que uma carta com passagens. Onde foi parar
as ações românticas? Foram modernizadas também? Uma amizade se quebra assim que
o outro começa a lidar com alguém que o magoou. É isso? Bloquear, excluir, não responder...
O amor está resumido nisso? Em cliques?
E o ato e necessidade de tratar o outro como objeto? Como bonequinho
para segurar a mão e dizer “vamos ao shopping para que todos vejam que você é
meu”.
Eu,
Calincka, estou parada no tempo em que recebia e enviava cartas. Eu não quero
alguém só para dizer que “tenho alguém”. Quero alguém para dançar comigo ao som
de Light Me Up da Birdy. Quero mais
alguém que me mande mensagens pela madrugada do que alguém que curte posts,
fotos, status, cutuque no facebook... Quero alguém que se preocupe com o “nós”
em vez de o “NÓS PARA OS OUTROS”. Ficar chateada porque ele não curtiu algo que
fiz ou postei? Meus amigos e amores de verdade não são assim. Eles farejam um
problema a longa distância e mandam um “eu te amo” ao sol de meio dia o qual
mal posso enxergar a mensagem. Eles não precisam ser sufocadores e presentes no
que faço nas redes sociais porque já estão presentes no meu coração e sabem que
podem contar comigo. No momento eu não sei o que anda acontecendo com eles, não
por ser indiferente ou uma péssima amiga. É que todo mundo guarda um tempo para
si mesmo e não acha necessário contar ou preocupar, faço o mesmo. E sigo, sigo
esvaziando os bolsos de problemas para abraçar e iluminar os amigos e amores
(parece que tenho vários, mas só tenho um e quero parecer desejada) e deixando
a carência e o papel de vítima de lado. Porque ser um fardo não é legal.
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