31 agosto 2014

Cordialidade Baiana

AVISO: SE VOCÊ FOR MENOR DE 18 ANOS NÃO PROSSIGA LENDO O TEXTO, POIS HÁ PALAVRAS COMO “CU”, “DAR” E “VIADOS”. 

- Moço, boa noite. Sabe onde fica o Vale Choperia?
- ME SEGUE!!!! ZUUUUUUUUUUUUUUUUUM...

Enquanto Criolo canta que NÃO EXISTE AMOR EM SP... Na Bahia, especificamente em Juazeiro, as pessoas colocam água no feijão para agregar o vizinho malandro que apareceu para dar um “oi” na hora do almoço, o filho do vizinho e o amigo imaginário do filho do vizinho. Perdi-me e coloquei muita água, agora vou cozinhar uns ovos de codorna porque o feijão virou caldinho de feijão.

Conhecidos como preguiçosos, tranquilos e famosos pela simpatia o povo baiano é nada mais e nada menos que o melhor do Brasil (sinto muito informar, respire com calma e aceita que dói menos). Nem a pior tragédia tira a energia boa e esperança de um baiano. Sou pernambucana e adotada pela Bahia (com direito a papeladas, pois estudo na Universidade Estadual da Bahia) com muito orgulho. Sou a pimenta do acarajé e a sincronia no maracatu.
Sábados com amigos é a mesma sensação de TER um orgasmo (radical? Já teve um? Então sabe que é MARAVILHOSO E SUGA ENERGIAS NO BOM SENTIDO), é a purpurina caindo lentamente em nossa volta como nos filmes clichês da década de 80. Tem risadas, aprendizados, abraços e a liberdade de ser e poder ser quem você é diante de pessoas que te fazem bem. E quando essas pessoas se reúnem com o intuito de procurar um bar que nenhum deles nunca foi, mas sabe da existência, a vida nos apresenta situações maravilhosas. Dessas que são vista em filmes de comédia.

Três pessoas em um carro, perdidas nas ruas de Juazeiro, em busca do bar que prometia música eletrônica (não precisa me imaginar dançando música eletrônica porque sou sensata demais para fazer isso). Ruas vazias com cara de que tem toque de recolher (mas não tem), nos desafiando pela madrugada a insistir a achar um pé de gente para pedir informação. Encontramos dois caras em uma rua deserta, um estava dentro do carro e o outro sentado na calçada (hummmm), conversando (hummmmm)! Paramos para perguntar a localização e a explicação para chegar ao local que nos foi dada foi tão confusa quanto física quântica ou qualquer coisa relacionada à física (e mais confusa ainda que a Globo repetindo novela que a gente não quer mais assistir). O cara do carro percebeu que não estava ajudando com as indicações como “é mais pra lá da metade da metade da metade” e de forma inusitada decidiu que ia mostrar em vez de explicar. Gritou “ME SEGUE!” E LIGOU O CARRO ARRANCANDO EM UMA VELOCIDADE QUE EU ME SENTI NO MEIO DE UMA CENA COM VIN DIESEL EM VELOZES E FURIOSOS. Rimos tanto pela  felicidade dele querer ajudar e pelo carro dele correr mais que eu quando toco campainhas... Fora QUE: o carro fazia esse barulho. Continuamos rindo tanto que uma hora o cara dobrou a esquerda e a gente só não se perdeu porque o barulho do carro era inconfundível.

Começamos a nos preocupar que preço pagaríamos para tanta gentileza do moço (infelizmente estamos acostumados a encontrar pessoas gentis e achar que elas vão pedir algo ou tramar algo em troca) e foi mencionado a palavra cu. Eu era a única moça/índia/hetero que tinha no carro e já queriam colocar literalmente meu cu na reta. A quem possa interessar, o meu não fez nada para ninguém e por isso nele não se mexe, obrigada! Começamos a rir perseguindo o carro e sorteando quem iria dar o cu ao moço como pagamento. Bem, e se ele estivesse nos levando para uma boca de fumo com traficantes eu só iria pedir, antes do tiro, para mandar um beijo para minha mãe, para o meu pai, para meus amigos, para meus gatos e para Adam Levine...


Ele para o carro aponta para a esquerda e diz “É ALI Ó” E VAI EMBORA ASSIM. SÓ. NÃO TEVE CU DADO, NÃO TEVE TRAFICANTE, NÃO TEVE TIRO, NÃO TEVE BEIJO PARA ADAM LEVINE, NÃO TEVE NADA. SÓ GENTILEZA. SIM, a gentileza não morreu com o respeito. Ela foi vista vivíssima (e fazendo muito barulho) em Juazeiro da Bahia. Existe amor na Bahia Criolo! 

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