18 julho 2014

Sofri Calada

Eu, a rainha do proletariado, que pega ônibus todos os dias, voltando da faculdade com as teorias do jornalismo na cabeça e tremendo ao pensar na medusa da vida real: o TCC. Eu que sento no fundo do ônibus para ser assaltada por último (e apagar as nudes antes de entregar o celular ao ladrão) e observar quem sobe e quem desce, vai que é bonito, vai que me quer... Sim, sonho mais que Alice no País das Maravilhas.  

Eu que coloco meu fone de ouvido e perco o foco em tudo que está acontecendo dentro do transporte para sentir as batidas e o ritmo contagiante da música Counting Stars do OneRepublic... Não imaginava que o celular descarregaria e que seria uma viagem para casa diferente, com pré-adolescentes tagarelando sem parar sobre provas, professores e meninos. Eu estava tão chateada por ter que ouvir conversas que tive vontade de jogar o celular pela janela. A BATERIA DO ANDROID PARECE A MINHA FELICIDADE E O DINHEIRO NA MINHA MÃO: dura pouco. Bem, sem querer querendo fui ouvindo o burburinho que não cessava. O ônibus faz a sua quarta parada em frente a uma faculdade. Universitários descem e sobem, preenchendo os lugares vagos.


Com o ônibus ainda parado, duas pré-adolescentes do grupinho que não paravam de falar sentam-se na cadeira que estava na minha frente e com a maior normalidade começam a cochichar. Eu paro de prestar atenção nelas e olho pela janela onde DOIS RAPAZES COM CARA DE DEUSES GREGOS E PROVAVELMENTE CHEIRANDO A KAIAK EXTREMO (SIM, EU IMAGINO O CHEIRO DAS PESSOAS) estão conversando naturalmente. Fico olhando para eles e é nesse momento que as duas meninas gritam para eles “GOOSSSSTOOOOOOOOOSOS” e se abaixam. E aí? Aí que eles olham para mim e eu olho para eles de volta, querendo dizer que eu não gritei, mas que concordava com as meninas... Resolvi então sofrer calada, pedindo que o motorista saísse logo daquele lugar onde fui acusada mentalmente por uma coisa que não fiz (mas se tivesse 14 anos faria).  

Um comentário:

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK morta

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